Da periferia do Paquistão ao interior de São Paulo, a mensagem que o missionário islâmico Ihtsham Moman carrega é clara: “amor para todos, ódio para ninguém”.
Representante da Comunidade Ahmadia do Islã no Brasil desde 2020, Moman esteve em Americana na última semana para divulgar os princípios da vertente islâmica que defende a paz como valor inegociável.
A Ahmadia é um movimento reformista fundado no século XIX, na então Índia britânica, que reconhece Mirza Ghulam Ahmad como o messias prometido. Os seguidores — chamados ahmadis — pregam a não violência, o respeito ao próximo e a liberdade religiosa. Por essas posições, são perseguidos em diversos países de maioria muçulmana.
Durante a visita a Americana, o imã participou da tribuna livre da Câmara de Vereadores e de encontros com lideranças locais. A ação faz parte da estratégia de expansão da comunidade no Brasil, que recentemente inaugurou sede na capital paulista.
“A nossa comunidade quer mostrar um Islã baseado no amor a Deus e no cuidado com o próximo”, afirma Moman.
Segundo ele, interpretações radicais e estigmas históricos distorceram a imagem da fé islâmica.
“As nossas mesquitas foram derrubadas, nossos fiéis presos. Passamos por perseguições semelhantes às que os cristãos viveram há séculos”, relatou.
No Brasil, os ahmadis desenvolvem ações sociais, palestras públicas e encontros inter-religiosos. O objetivo é promover a aproximação entre muçulmanos e não muçulmanos por meio do diálogo e da educação. “Nós acreditamos que o conhecimento é a base da paz”, destaca o missionário.
Ao lado da esposa brasileira, Maria, com quem tem uma filha de dois anos, Moman também busca compartilhar experiências do cotidiano muçulmano. Maria, nascida em Mato Grosso do Sul, se converteu ao islamismo após conhecer a comunidade Ahmadia.
“Há um preconceito grande sobre o papel da mulher muçulmana. Mas temos mais permissões do que opressões”, explicou.
Para Moman, a missão da Ahmadia é clara: combater o uso da fé como ferramenta de opressão e mostrar que o Islã, em sua essência, é uma religião de paz. “A nossa voz é verdadeira, é pacífica. Estamos aqui para contribuir com a construção de um mundo mais harmonioso”, conclui.