sexta-feira, 19 abril 2024

Inadimplência no varejo já aumenta

A circulação menor de pessoas – efeito da pandemia de conoravírus – já provoca reflexos sérios no varejo. A inadimplência dos clientes aumentou 25% em março (até o dia 23), em comparação ao mesmo período do ano passado. 

Ao longo do mês, também despencaram pela metade as consultas dos lojistas por informações por CPF nos serviços de crédito, o que mostra que o consumidor deixou de comprar, provavelmente preocupado com as despesas que vai ter para a própria subsistência durante a quarentena. 

Os números foram revelados pela direção do Meu Crediário – sistema privado de análise der crédito -, a partir de levantamento feito com varejistas importantes em seus respectivos setores. 

Para Jeison Schneider, bacharel em sistemas de informação e CEO da empresa, a tendência é que a inadimplência cresça ainda mais, já que as estão proibidas de abrir as portas. “A situação deve ficar bem complicada nos próximos meses”, diz. 

Segundo ele, os lojistas com o caixa mais elevado conseguem até superar as perdas por dois ou três meses, mas para quem já está com dificuldade a dica é renegociar pagamentos com fornecedores e buscar empréstimos com taxas adequadas. 

Schneider sugere ainda que os empreendedores abram mão do valor de juros e multas para clientes em atraso no fim da quarentena, já que a fidelização é mais importante no contexto atual. 

“Após o isolamento social, vale prestigiar o consumidor com esse benefício, até para incentivar novas compras e, ao mesmo tempo, auxiliar na retomada da economia”, explica. 

CONSULTAS 

Levantamento da empresa mostra que, mesmo em Estados que ainda mantêm as lojas abertas, notou-se que os consumidores sumiram. Alguns evitam aglomeração. Outros cortam as compras, com medo de não honrarem as próprias dívidas no futuro. 

Diante de cenário de paralisia total, Schneider acredita que os lojistas precisam refazer o planejamento orçamentário do ano. 

“A economia deve retornar aos níveis pré-coronavírus somente em 2021. Muitos clientes ficarão endividados, outros terão redução de salário e alguns vão perder seus empregos”, opina. “O empreendedor precisa gerar caixa para ao menos manter o negócio no mercado”. 

MELHOR SAÍDA É NEGOCIAR, DIZ ENTIDADE 

FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) recomenda que as empresas busquem solucionar os conflitos com os clientes amigavelmente, por meio da renegociação dos contratos, para   minimizar os danos.  

Em função do excesso de processos à espera de julgamento, é recomendável recorrer à Justiça só em último caso. Uma alternativa é contar com os serviços das câmaras de arbitragem e mediação, se houver previsão contratual. De todo modo, a melhor solução é negociar. 

FLUXO DE CRÉDITO QUEBRADO  

O professor Fernando Nogueira da Costa, do Instituto de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), afirma que em meio ao enfrentamento de um problema inédito, de consequências desconhecidas, vai haver quebra o fluxo de crédito.  

A cadeia produtiva para, a cadeia comercial para, a cadeia financeira para. O professor afirmou ao TodoDia que   a única solução para manter empresas de portas abertas é a liberação de crédito.  

RENDA BÁSICA  

Aos consumidores, diz, o governo federal precisa garantir a subsistência, o rendimento básico. “É um momento em que devem ser abolidas as regras de gasto público, e o cidadão, principalmente, receber dinheiro a fundo perdido”, considera. “Deve haver um afrouxamento monetário, para que a roda da economia volte a circular”, afirma. 

ENDIVIDAMENTO É RECORDE 

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) confirmou ontem que o endividamento dos brasileiros atingiu recorde em março.  

Após ter recuado a 65,1% em fevereiro, o porcentual de famílias com dívidas saltou para 66,2% este mês, o maior patamar da série histórica da Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), iniciada em janeiro de 2010.  

A confederação também confirmou que o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou a 25,3% em março, contra 24,1% no mês anterior.  

O levantamento considera como dívidas as contas a pagar em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro.   

A CNC registrou o terceiro aumento mensal consecutivo da parcela média comprometida com as dívidas, que chegou a 30% em março. Declararam-se superendividadas 15,5% das famílias. 

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