O domingo (21) foi marcado por uma série de incêndios de grandes proporções em Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Monte Mor e cidades vizinhas.
As ocorrências colocaram em risco moradores, ameaçaram áreas industriais, destruíram veículos, provocaram interdições em rodovias e mobilizaram viaturas de vários municípios. A estiagem, combinada ao vento forte e tempo seco, agravou o cenário e exigiu resposta coordenada entre Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, brigadistas e voluntários.

Americana: fogo às margens da Anhanguera
O primeiro grande foco foi registrado em Americana, às margens da Rodovia Anhanguera (SP-330), pouco depois do pedágio, sentido interior. O fogo começou por volta das 9h15 da manhã e atingiu uma área de mais de 500 mil metros quadrados de vegetação.
As chamas se aproximaram perigosamente de duas empresas, uma do ramo plástico e outra do setor madeireiro. As equipes atuaram ao longo de todo o dia para conter o fogo e impedir que ele atingisse essas estruturas.

Americana: incêndio próximo de indústria de pães
Pouco depois, ainda em Americana, outro incêndio de grandes proporções foi registrado na região do bairro Jardim dos Lírios, próximo a uma indústria de pães. O fogo começou em uma área de vegetação e ameaçava atingir diretamente a empresa.
As equipes locais conseguiram controlar as chamas antes que atingissem a edificação.
Santa Bárbara d’Oeste: veículos destruídos
Enquanto o incêndio no Jardim dos Lírios ainda era combatido, um novo chamado foi registrado no Jardim Firenze, em Santa Bárbara d’Oeste. O fogo atingiu uma área de vegetação próxima a residências e acabou afetando quatro veículos: dois ficaram totalmente destruídos e dois parcialmente danificados.
Como a viatura de Santa Bárbara ainda estava empenhada no atendimento à indústria de pães, foi necessário redirecionar um caminhão de Nova Odessa para o Jardim Firenze. A demora no atendimento gerou insatisfação entre moradores.
“Os bombeiros que chegaram lá e acabaram sendo hostilizados são de Nova Odessa. Eles se depararam com alguns veículos queimados e uma área de vegetação extensa, em torno de 350 mil metros quadrados”, relatou o tenente Brustolin.

Santa Bárbara d’Oeste: fumaça e risco na empresa Denso
Após o atendimento no Jardim Firenze, as equipes foram deslocadas para uma nova ocorrência de grandes proporções nas proximidades da empresa Denso, às margens da Rodovia dos Bandeirantes (SP-348).
O incêndio avançava em direção à empresa, enquanto a fumaça comprometia a visibilidade na rodovia. A Defesa Civil e brigadistas da própria empresa auxiliaram no combate e ajudaram a evitar maiores danos.
Monte Mor: ocorrência na zona rural
Na cidade de Monte Mor, outro foco foi registrado, desta vez em área rural. A viatura de combate a incêndio foi enviada do município de Hortolândia, já que os demais caminhões estavam empenhados nas ocorrências simultâneas em outras cidades do subgrupamento de Americana.
Sobrecarga e esforço regional
De acordo com o tenente Brustolin, o cenário foi classificado como atípico devido à grande quantidade de ocorrências simultâneas.
“Tivemos ocorrências simultâneas em todas as cidades da região, e precisamos deslocar viaturas para que nenhuma ficasse sem atendimento”, explicou.

Veja como foi a atuação das equipes:
- Americana combateu o incêndio próximo à Rodovia Anhanguera com apoio de viatura de Sumaré.
- Santa Bárbara d’Oeste atuou em vários focos, com apoio de Nova Odessa no Jardim Firenze.
- Nova Odessa foi deslocada porque o caminhão local estava atendendo o foco próximo à empresa de pães, ainda em Americana.
- Monte Mor teve um incêndio rural atendido com caminhão de Hortolândia.
“Mesmo de folga, vim até o quartel para coordenar as equipes. Temos seis cidades sob nosso comando: Monte Mor, Hortolândia, Nova Odessa, Sumaré, Americana e Santa Bárbara d’Oeste.”
Rodovias interditadas pela fumaça
A intensidade dos incêndios impactou diretamente o trânsito em importantes vias da região. Houve interdições temporárias por conta da fumaça, que reduzia drasticamente a visibilidade dos motoristas. Todas já estão liberadas.
As rodovias afetadas foram:
- Comendador Américo Emílio Romi (SP-306)
- Luiz de Queiroz (SP-304)
- Anhanguera (SP-330)

“O incêndio próximo às margens das rodovias é sempre um risco. A fumaça pode ocasionar acidentes pela falta de visibilidade”, alertou Brustolin.
Causas humanas ainda são a maioria
Questionado se os incêndios foram criminosos, o tenente afirmou que não é possível confirmar, mas destacou que a maioria das ocorrências no estado tem origem humana.
Entre os principais fatores estão:
- Queima de lixo em terrenos.
- Descarte incorreto de bitucas de cigarro.
- Soltura de balões.
“Não dá para afirmar que foi criminoso, mas sabemos que a maioria dos incêndios tem ligação com ação humana, seja acidental ou intencional.”
Orientações à população
O Corpo de Bombeiros reforça que, em caso de incêndio, a população não deve tentar combater o fogo sozinha, especialmente sem equipamentos de proteção. A fumaça é tóxica e pode provocar intoxicação, desmaios e problemas respiratórios graves.
“As pessoas podem ajudar, desde que não se coloquem em risco. Vimos vídeos de moradores com mangueiras de jardim e baldes, mas isso pode ser muito perigoso.”
A orientação é acionar o telefone 193 assim que qualquer foco de incêndio for identificado. Mesmo com o serviço sobrecarregado, os chamados são atendidos conforme a gravidade e a disponibilidade de viaturas.
Estiagem exige atenção
As áreas atingidas continuam sob monitoramento rigoroso para evitar novos focos de incêndio.
Desde julho, a região já contabiliza 370 ocorrências, o equivalente a uma média de quatro por dia, de acordo com os bombeiros.