terça-feira, 26 agosto 2025
COMÉRCIO EXTERIOR

Indústria da região de Campinas busca novos mercados após o “tarifaço”

Os EUA são o principal destino das exportações de produtos da região.
Por
Guilherme Pierangeli

O Ciesp Campinas divulgou, nesta terça-feira (26), a sondagem mensal realizada junto às indústrias da região, além de dados da balança comercial das cidades que integram a regional. As indústrias também responderam a questões relacionadas ao “tarifaço dos EUA”.

Busca de novos mercados
A estratégia, neste momento, é buscar novos mercados para substituir o destino das exportações que deixarão de ser enviadas aos Estados Unidos. “O mercado americano continua crucial, mas o choque tarifário tende a reorganizar os destinos no curto prazo. Mantemos uma posição no segundo semestre com importações firmes, exportações estáveis e uma leve alta na redefinição do mercado”, comenta Anselmo Riso, diretor de Comércio Exterior do Ciesp Campinas.

Na pesquisa, foi perguntado às empresas quais são os mercados com maior potencial para absorver as exportações que deixarem de ser enviadas aos Estados Unidos — país que recebe o maior volume de mercadorias exportadas pela região. Dos respondentes, 58% indicaram “Outros destinos das Américas”; 17% citaram a Ásia; outros 17% apontaram a Europa; e 8% mencionaram o Oriente Médio.

Indústria na região de Campinas busca novos destinos para exportações | Foto: Carlos Bassan/PMC

Leva tempo
Entretanto, entrar em novos mercados ou expandir exportações para mercados já alcançados demanda negociação e tempo. “Para uma negociação boa para as duas partes — principalmente para quem está vendendo — você precisa de tempo, investir muito dinheiro em marketing naquele país, apoiar o seu distribuidor, o seu comprador, e isso leva um tempo acima de 90 dias, pelo menos”, explica Valmir Caldana, vice-diretor regional do Ciesp Campinas.

Pacote é solução temporária
O pacote de R$ 30 bilhões anunciado pelo Governo Federal para ajudar as empresas afetadas pelo tarifaço foi visto positivamente pelas indústrias, mas Caldana faz uma ressalva. “É um benefício de curto a curtíssimo prazo, porque isso se esgota em muito pouco tempo. Então, se essa tarifa se estender e não houver negociação, será um benefício passageiro. O que faremos depois? Isso aumenta ainda mais a responsabilidade dos fabricantes brasileiros de correrem atrás de outros mercados.”

Comércio Exterior: Exportações Caem e Importações Sobem
Em relação ao comércio exterior, no mês de julho, a região registrou aumento de 16,2% nas exportações, em comparação com o mesmo mês do ano passado, somando US$ 319 milhões.
Já as importações cresceram 31%, alcançando US$ 1,4 bilhão, ampliando o déficit da balança comercial regional.

Os principais destinos das exportações foram:

  • Estados Unidos: 17,8%
  • Argentina: 15,7%
  • México: 5,6%

Nas importações, os principais países de origem foram:

  • China: 29,2%
  • Estados Unidos: 17,3%
  • Suíça: 5,8%

Sondagem Industrial
Sobre a visão das empresas quanto às atividades no mês de agosto, a sondagem industrial apontou que:

  • 64% das empresas mantiveram a produção no mesmo nível de julho;
  • 36% registraram queda;
  • Não houve registros de aumento na produção.

O quadro de funcionários permaneceu estável em 91% das indústrias, enquanto 9% relataram redução.

Faturamento e Inadimplência

  • O faturamento caiu em 27% das empresas;
  • Ficou estável em 64%;
  • Aumentou em 9%.

Quanto à inadimplência:

  • 91% das indústrias disseram que o nível se manteve inalterado;
  • 9% apontaram crescimento.

Custos de Produção Pressionam
Os principais aumentos de custo apontados foram:

  • Energia, água e transporte: 45% das respostas;
  • Encargos trabalhistas: 33%;
  • Matérias-primas: 27%.

Mais da metade das indústrias operou entre 50% e 70% da capacidade instalada.

Lucratividade e Investimentos

  • A lucratividade caiu em 45% das empresas;
  • Permaneceu estável em 45%;
  • Aumentou em 10%.

Quanto aos investimentos:

  • 36% das empresas não pretendem aplicar recursos nos próximos 12 meses;
  • 46% planejam apenas atualização de máquinas;
  • 18% consideram ampliar a capacidade.

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também