sábado, 5 abril 2025

Indústria fecha 2018 com saldo de 4.750 demissões

As indústrias instaladas em Americana, Nova Odessa e Cosmópolis demitiram 4.750 trabalhadores a mais do que contrataram em 2018, aponta levantamento do nível de emprego divulgado ontem pela Diretoria Regional de Americana do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). Os dados refletem uma redução de 13,86% nos postos de trabalho nessa microrregião.

O mês de dezembro de 2018 foi o pior dos últimos 12 anos no levantamento histórico da entidade, de acordo com o diretor do Ciesp, o empresário Carlos Frederico Faé.

Só no mês passado as indústrias dos três municípios ligados à regional fecharam 1.250 postos de trabalho, o que representa uma queda de 4,03% no nível de emprego.

A retração econômica atinge mais fortemente os setores de produtos têxteis, que encolheram 4,55%; produtos alimentícios, que tiveram queda de 1,23%; de borracha e material plástico, que tiveram queda de 1,11% e veículos automotores e autopeças, onde a redução foi de 0,28% no nível de empregos.

Por ter o maior número de indústrias entre os três municípios, Americana foi a que mais sofreu, segundo Faé.

“É um número alarmante para uma cidade que é basicamente industrial. E se a gente pensar que cada pai ou mãe, chefe de família, tem um ou dois filhos, são mais de 16 mil pessoas sofrendo os reflexos do desemprego”, afirmou.

O industrial relembrou o fechamento da Unitika do Brasil Indústria Têxtil, em Americana, em novembro, com a demissão imediata de 250 trabalhadores. Outros 70 profissionais continuarão atuando na empresa até o fim do estoque, provavelmente em fevereiro.

“Nós tivemos casos pontuais, como foi o da Unitika, que de uma hora para outra demitiu mais de 300 pessoas. E isso acaba se refletindo na pequena indústria também. Muitas empresas pequenas não são notícia de jornal, mas seus resultados se somam no montante de demissões”, declarou o empresário.

MOTIVOS
O fraco desempenho da economia nacional foi apontado pelo diretor como justificativa principal para os resultados negativos. Além disso, a greve dos caminhoneiros, registrada durante 10 dias de maio, a Copa do Mundo 2018, disputada na Rússia, e as eleições brasileiras impactaram fortemente o setor industrial.

“Até a própria eleição contribuiu, pois foi muito atípica e polarizada. Tudo isso gera uma instabilidade e a indústria se retrai. As pessoas também reduzem seus gastos, porque não sabem se terão emprego amanhã ou depois”, disse.

A alta da moeda americana verificada durante o ano também foi determinante, de acordo com o diretor. “O dólar, que estava R$ 3,20, chegou a R$ 4, o que trouxe reflexos diretos, pois grande parte dos insumos da indústria têxtil é dolarizada, como poliéster, algumas tinturas, o gás”, explicou.

MELHORA À VISTA
As projeções para 2019 são positivas, especialmente para o segundo semestre do ano. “Existe de fato um otimismo e uma expectativa mais positiva de que a economia vai permitir avanços mas, para o primeiro semestre, acreditamos que a indústria vai deixar de perder vagas e ficar estável”, estimou.

Em sua avaliação, a recuperação econômica depende das medidas a serem adotadas pelo Governo Federal – e que ainda não estão claras nos primeiros 19 dias de governo.

“A retomada não é algo tão rápido porque depende de medidas importantes do Governo Federal, como o de fazer as reformas anunciadas em gestões passadas, mas que não avançaram”, destacou.

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