O bairro Jardim Ipiranga lidera as denúncias de falta de água em Americana em dezembro, no aplicativo Americana Melhor, que recolhe reclamações da população e busca linha direta com o Executivo para solucionar os problemas. O aplicativo recebeu 462 denúncias de falta de água no mês passado, das quais 281 (61%) são do Jardim Ipiranga. Os moradores relatam que não ter água é cotidiano nos últimos meses no bairro. O ex-prefeito Omar Najar (MDB) alertou para o problema no bairro antes de deixar o cargo.
O segundo bairro com mais denúncias foi o Cechino, com 17% (78 denúncias). Mais abaixo, completam os cinco primeiros, Parque Universitário com 5% (23), Vila Amorim e Vila Dainese, ambos com 3% (13).
Em novembro, foram 399 reclamações de falta de água. Na ocasião, a maioria foi do Parque Universitário. Ipiranga ficou em segundo, com 51 registros (19%). As informações são do autor do aplicativo, Daniel Antoniassi. “Jardim Ipiranga deu um verdadeiro salto.” Segundo ele, as denúncias não trouxeram retorno. “No máximo, uns 2%. Tem sempre a resposta padrão de que o reservatório está abaixo”, disse.
DIARIAMENTE
O TODODIA falou com três moradores que denunciaram no aplicativo. O analista de sistemas, Robson Miamoto, 38, diz que falta água no bairro todos os dias. “Não tem horário, às vezes acaba e volta somente à noite. Hoje mesmo acabou em torno de 10h, voltou agora pouco bem fraca e muitas vezes amarelada. Eu costumo acompanhar a telemetria do site do DAE e muitas vezes noto que o bombeamento para o reservatório do Centro, que é o que alimenta o bairro, está parado.”
Robson afirma que a situação piorou por volta de agosto. “Até então faltava, mas não tão frequente como agora. Antes o problema era a adutora da Campos Salles, agora foi trocada e falta água direto. Lavar roupa é um desafio. Sempre que ligamos no DAE a resposta é a mesma, reservatório baixo.”
O morador aguarda um posicionamento do prefeito e, principalmente, do DAE . Chico Sardelli (PV), prefeito eleito, prometeu visitar o DAE assim que possível. Robson cobra ação. “Precisam trabalhar em um plano para resolver, e não ficar colocando a culpa na população pelo alto consumo.”
A assistente administrativa Mirella Mahara, 33, tem duas crianças pequenas. No dia que falou com a reportagem, foi almoçar em casa e não tinha água. “Essa semana, todo dia chego do trabalho às 18h e nada. Não consigo lavar roupa. E ainda tem vezes que a água volta suja e com mau cheiro.” Ela cobra que a Prefeitura fiscalize o DAE. “Há quanto tempo está a mesma diretoria e a mesma reclamação dos moradores?”
Siamara Bosco, 42, empreendedora, mora no bairro há 18 anos e conta que a falta de água é novidade. “Nos outros anos não era assim.” A moradora ficou revoltada com um vazamento recente de água no meio de sua rua, em que o reparo durou uma semana. “Faltando água em casa e no meio da rua tem água vazando. É uma palhaçada. E muitas vezes quando chega é água barrenta”, critica.
OMAR ALERTOU
A reportagem questionou a Prefeitura sobre a situação no bairro, mas não obteve resposta.
Nos últimos dias de governo, Omar destacou a necessidade de ampliar a reservação de água na região do Jardim Ipiranga. “Também tem uma caixa d’água pequena, precisa ser feito mais. Existe uma série de bairros ali sem reservação. O DAE manda água à noite e durante o dia some tudo”, disse.
Desde então, a equipe de Chico Sardelli prometeu reunir informações sobre as situações e projetos e deve divulgar o que será feito nos próximos meses no setor.
