quinta-feira, 25 abril 2024

Julgamento do Padre Leandro começa hoje

Pedro Leandro, ex-reitor da Basílica de Americana, é réu por atentado ao pudor contra menores em Araras 

Padre pedro leandro | Ex-reitor da Basílica de Americana nega crimes sexuais (Foto: Arquivo/ TodoDia)

Envolvido em um escândalo de dimensões internacionais na Igreja Católica, que chegou inclusive ao Vaticano, em Roma, o Padre Pedro Leandro Ricardo, ex-reitor da Basílica Santo Antônio de Pádua, de Americana, senta-se a partir desta terça-feira (8) no banco dos réus. Ele começa a ser julgado, às 13h30, em Araras, sob a acusação de “atentado violento ao pudor” contra quatro menores de idade. Os crimes, que ele nega, teriam ocorrido entre 2002 e 2005 contra ex-“coroinhas” da Igreja São Francisco de Assis, em Araras, onde ele iniciou o sacerdócio, antes do período em Americana. O caso tramita em segredo de justiça.

Padre Pedro Leandro foi afastado da Basílica de Americana em janeiro de 2019, quando as primeiras denúncias contra ele começaram a aparecer e ganharam repercussão nacional. Desde então, ele enfrenta acusações também em outros casos envolvendo supostos abusos sexuais em Americana, além de acusações de apropriação de recursos da Diocese de Limeira. Ambos os casos estão em processos à parte do julgamento que começa hoje. Publicamente, o pároco nega os crimes, se diz perseguido por supostamente “contrariar interesses” na igreja, mas não fala com a Imprensa.

Como é um processo com muitas testemunhas de acusação e defesa, o juiz do caso, Rafael Pavan de Moraes Filgueira, dividiu o julgamento em três partes. Se o cronograma seguir como o previsto, hoje devem ser ouvidas as testemunhas de acusação. Nesta quarta-feira (9) será a vez das testemunhas de defesa. E, por último, na quinta-feira, seria a vez do próprio réu, o padre, ser ouvido. A sentença pode sair, ou não, na própria quinta-feira. Por conta da pandemia, as audiências do julgamento serão todas online e não são públicas.

A DENÚNCIA

Padre Pedro Leandro Ricardo tornou-se réu no ano passado, depois que a Justiça acatou denúncia feita no final de 2018 pelo Ministério Público contra o pároco, acusado de abuso sexual de menores de idade.

O Ministério Público, em denúncia assinada pelo promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, aponta que Leandro supostamente utilizava a autoridade religiosa para atrair menores e molestá-los. Em 2002, diz o MP, o religioso constrangeu um adolescente – mediante violência e grave ameaça – a praticar e a permitir que com ele fosse praticado ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Em 2003, ainda segundo a acusação, semelhante constrangimento teria sido contra uma adolescente. Em 2005, a mesma situação é relatada, desta vez, contra uma criança de 11 anos (idade à época). Nos anos de 2005 e 2006, também há relatos sobre uma quarta adolescente molestada, de acordo com o MP. Todos eles seriam “coroinhas” do padre na igreja em Araras.

A Promotoria afirma que, “na qualidade de autoridade moral e inegável influência sobre os membros de sua comunidade religiosa, o padre atraía criança e adolescentes para a função de ‘coroinha'” e, além das tarefas cotidianas da igreja, também tinha o propósito de “satisfazer sua lascívia [intenso desejo do corpo]”.

A denúncia diz ainda que o padre teria tentado usar os ensinamentos religiosos para justificar os crimes, como que “Deus possui várias formas de demonstrar o amor, e que aquela seria uma delas”.

O escândalo só veio à tona anos mais tarde, por iniciativa de uma mãe, que procurou outra, até chegar ao conhecimento do MP.

PADRE NEGA CRIMES

O TODODIA não conseguiu contato com o padre Pedro Leandro, nem com sua defesa no processo nesta segunda. Contudo, desde o início do caso, o padre nega os crimes. No caso da criança, a defesa diz que o pároco nega veementemente a imputação; e “ainda que assim não fosse, não há, na própria descrição da conduta contida na denúncia, prática de ato libidinoso”.

Sobre os outros casos que envolvem adolescentes à época, a defesa diz que nenhum dos relatos é compatível com a apontada impossibilidade de resistência.

Em entrevista anteriormente à reportagem, o advogado Paulo Henrique de Moraes Sarmento, que defende o padre, disse que “a denúncia é uma aberração”. “Vamos utilizar de todos os meios jurídicos possíveis, não só no processo, mas em tribunais superiores, para anular essa denúncia”, afirmou. 

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