Ocorrências com mortes envolvendo a Polícia Militar (PM) aumentaram 81,25% em relação a 2023 em municípios da região. Nas cidades na área de cobertura da TV TODODIA, 58 pessoas morreram em intervenções policiais, 26 a mais do que em 2023, quando 32 pessoas faleceram nas mesmas condições. Desse total, 52 dos policiais estavam em serviço.
Os dados fazem parte do relatório do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que contabilizou ocorrências registradas entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de cada ano. O levantamento mostra ainda que o Estado de São Paulo registrou aumento de 65% entre os dois anos. Em 2023, foram 460 mortes, já em 2024 o número chegou a 760, sendo 640 em serviço e 120 em horários de folga.
Entre as cidades, Campinas se destaca na região em ambos os anos, registrando 20 mortes em 2023, sendo 18 em serviço, e 32 mortes em 2024, sendo 28 em serviço. Apenas Nova Odessa e Paulínia não tiveram casos em nenhum dos anos.
Confira:
CIDADE | Nº DE CASOS EM 2024 | Nº DE CASOS EM 2023 |
Campinas | 32 | 20 |
Limeira | 9 | 5 |
Piracicaba | 5 | 4 |
Hortolândia | 5 | 0 |
Santa Bárbara d’Oeste | 3 | 1 |
Sumaré | 2 | 2 |
Americana | 1 | 0 |
Monte Mor | 1 | 0 |
Caso em Americana
Um dos casos, registrado em outubro do ano passado, aconteceu na favela do Zincão, no bairro Parque da Liberdade, em Americana. Luis Carlos Jacob, de 44 anos, foi morto após ter sido baleado com três tiros durante uma operação da Força Tática na comunidade.
De acordo com a PM, o homem era suspeito de roubar motocicletas e a abordagem teria sido realizada após atitude suspeita com a chegada da corporação. Ele teria empurrado um dos soldados e sacado um revólver .38, que estava escondido embaixo de um colchão, e realizado os disparos. Com a ação, o policial revidou e atirou contra o suspeito três vezes.
Jacob chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital Municipal Dr. Waldemar Tebaldi, mas não resistiu.
O que diz o governo
Este é o segundo ano consecutivo que há aumento da letalidade policial desde o início da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em 2022, foram 396 casos de mortes após abordagem policial, 31 na região.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) ressaltou que não compactua com excessos ou desvios de conduta, e que “pune apenas aqueles que infringem a lei e desobedecem aos protocolos estabelecidos pelas forças de segurança.”
Em relação à investigação, a pasta afirmou que os casos de mortes decorrentes de intervenção policial são “rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento das corregedorias, do Ministério Público e do Poder Judiciário”. Só em 2023, mais de 300 policiais foram demitidos e expulsos, e mais de 450 agentes foram presos.
“Para reduzir a letalidade policial, a corporação segue investindo no aprimoramento do efetivo por meio do seu programa de formação continuada, com capacitações práticas e teóricas, e na aquisição de equipamentos de menor potencial ofensivo. Somado a isso, comissões direcionadas analisam casos desta natureza e ajustam procedimentos de abordagem”, destaca a SSP.
Casos recentes
Em 2025, a PM paulista já registrou 13 mortes em decorrência de intervenções policiais, três delas registradas na primeira semana do ano nos municípios de Campinas, Hortolândia e Piracicaba.
A primeira morte na região foi registrada em Piracicaba no dia 3 de janeiro, vitimizando um homem de 37 anos. O caso aconteceu em serviço durante uma abordagem em uma praça na Alameda Frei Liberato, no bairro Cecap.
Segundo a corporação, o homem teria investido contra um dos agentes e, na tentativa de imobilização, o homem teria destravado o coldre do policial e pegado a arma. Com isso, outro policial em serviço disparou no suspeito, que morreu no local.
Já a segunda aconteceu em Hortolândia, no dia 7 de janeiro, no Jardim Amanda I, vitimizando um homem de 20 anos. Segundo a SSP, durante patrulhamento, um carro com três homens em atitude suspeita foi parado.
Na abordagem, um dos ocupantes havia feito movimentos bruscos e retirado uma arma calibre 22 da blusa. Diante da reação, os policiais atiraram ao menos 10 vezes contra o suspeito, que estava sentado no banco de passageiro da frente. Não houve troca de tiros e demais passageiros foram detidos.
A última ocorrência, aconteceu no dia seguinte, em 8 de janeiro, na região do São Marcos, em Campinas, vitimizando um homem de 30 anos, suspeito de ser líder de facção na região. Segundo a corporação.
Na data o homem teria fugido para o fundos de uma casa após uma tentativa de abordagem. Escondido em um quarto, ele teria feito um disparo, que foi revidado pelos PMs que acertaram dois tiros na região do abdômen. O criminoso foi socorrido ao Hospital de Clínicas da Unicamp, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.