Março de 2021 terminou ontem como o mês mais letal da pandemia na região. Foram 1.661 óbitos nas 42 cidades do DRS (Departamento Regional de Saúde) de Campinas, número 67% maior que o recorde da primeira onda da pandemia, em julho de 2020, quando 994 pessoas morreram pela Covid-19.
Apesar das restrições de circulação, a previsão do governo do Estado é que os óbitos comecem a diminuir consideravelmente apenas na segunda metade de abril.
De acordo com números disponibilizados pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), a região contabilizou 610 mortes em fevereiro deste ano e, de um mês para o outro, sofreu uma severa elevação de 172%, com mais de mil óbitos a mais. Essa taxa de março – 1.661 óbitos – se aproxima da soma de mortes dos dois piores meses da pandemia em 2020 (julho e agosto), que somaram 1.832 óbitos.
Isso se revela também pela taxa de mortalidade. Em 26 de fevereiro, a região tinha 6,5 mortes por Covid para cada 100 mil habitantes nos 14 dias anteriores. Ontem, esse índice era de 22,5 novas mortes, um recorde na pandemia. O número, inclusive, é superior à média estadual.
ATÉ QUANDO?
O cenário da região de Campinas é parecido com o das outras regiões do estado que, mesmo após quase um mês de fase vermelha e depois emergencial, não estão conseguindo conter os índices da pandemia. Diante disso, o Centro de Contingência da Covid-19 do Estado foi questionado em coletiva ontem sobre prognósticos de melhora em relação a internações e óbitos.
O coordenador-executivo do Centro, João Gabbardo, disse que desde 19 de março as internações estão desacelerando continuamente e, por isso, é possível fazer algumas previsões.
“Observamos uma desaceleração do número de internados em UTI. Em 19 de março, crescia 3,2%, passou para 0,7% hoje. A expectativa é que, a partir do dia 6 de abril, quando completarmos 30 dias da fase vermelha, esse número passará a ser negativo, ou seja, número de pessoas com alta será maior que novos ingressos, isso vai aumentar a disponibilidade de leitos”, afirmou.
A diminuição de mortes, no entanto, deve demorar mais tempo. “Em relação aos óbitos, deve ocorrer queda uma semana ou dez dias depois do dia 6 de abril. É possível que até a metade do mês de abril nós ainda tenhamos que conviver com um número elevado de óbitos. Tudo leva a crer que haverá uma redução depois, mas a coisa mais difícil que existe nessa pandemia é fazer previsões como essa que a gente está fazendo aqui, ela é baseada na evolução da pandemia nesse momento”, disse.
Um afrouxamento nas medidas de isolamento ou então a inserção de novas variantes do coronavírus, por exemplo, podem atrasar essas previsões, segundo Gabbardo.