segunda-feira, 18 agosto 2025
BRASIL CONTRA DENGUE

Em meio à situação de emergência em SP, cidades da região receberão investimentos para o combate à dengue

Campinas, Hortolândia, Americana e Sumaré apresentaram alta no número de casos por 100 mil habitantes
Por
Isabela Braz
Foto: Walterson Rosa/MS

Para reduzir os casos graves e os óbitos causados pela dengue, o Ministério da Saúde anunciou, nesta terça-feira (8), novas ações de enfrentamento à doença. As medidas visam apoiar localidades em situação mais crítica, com foco inicial em 80 municípios. Entre eles estão Campinas, Hortolândia, Americana e Sumaré, que apresentaram alta no número de casos por 100 mil habitantes.

O estado de São Paulo concentra o maior número de cidades em situação crítica: 55 no total. No ranking, Campinas ocupa a terceira posição, ficando atrás apenas de São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, ambas localizadas no Noroeste Paulista. Hortolândia está na 13ª posição, Americana na 15ª e Sumaré na 26ª.

De acordo com o Ministério, a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) estará pronta, neste primeiro momento, para atender essas cidades com até 150 centros de hidratação, cada um com capacidade para até 100 leitos. O investimento previsto é de R$ 300 milhões.

Esses centros têm como objetivo o acolhimento e a hidratação – oral ou venosa – de pacientes com dengue, visando evitar o agravamento dos quadros e a necessidade de internações. As estruturas poderão ser instaladas em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou em espaços adaptáveis, como auditórios, bibliotecas, refeitórios, além de estruturas temporárias, como tendas, contêineres e galpões.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que a atuação inicial será concentrada nos municípios com maior pressão sobre os serviços de saúde.

“Estamos preparados para apoiar com a reorganização da rede assistencial, focando na redução de casos graves e óbitos. A Força Nacional do SUS está à disposição desses municípios”, afirmou.

Padilha também reforçou que a vigilância deve ser mantida em todo o país:
“Nosso segundo foco é garantir que os demais estados e municípios não baixem a guarda. A redução de casos e óbitos não é motivo para interromper as ações de vigilância, mobilização e acolhimento. Já atendemos 100% das demandas por insumos feitas por estados e municípios, e seguiremos vigilantes.”

VACINAÇÃO E NOVOS EQUIPAMENTOS

As 80 cidades prioritárias também receberão apoio do Ministério da Saúde para ampliar a cobertura vacinal, por meio de estratégias como busca ativa de não vacinados, monitoramento de estoques e garantia do abastecimento.

Os Agentes Comunitários de Saúde terão à disposição um novo guia com orientações específicas para a identificação de pessoas com sintomas ou que ainda não foram vacinadas, além de outras ações preventivas.

“Com as vacinas disponíveis hoje, sabemos que a dengue pode ser uma doença grave. Por isso, estamos lançando quatro diretrizes fundamentais para garantir assistência rápida, evitar agravamentos e, principalmente, óbitos”, afirmou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde, Mariângela Simão.

Ela ressaltou a preocupação com as mortes causadas pela doença:
“O que mais nos preocupa neste momento são os óbitos. Como médica, afirmo: todo óbito por dengue, em princípio, é evitável. Tivemos uma redução de 2,5 mil mortes no primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período de 2023, mas ainda assim já somamos 430 óbitos confirmados. Desses, 305 ocorreram em São Paulo, 34 no Paraná e 32 em Minas Gerais.”

Foto: Walterson Rosa/MS

DISTRIBUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS PORTÁTEIS REFORÇA COMBATE AO MOSQUITO DA DENGUE

Como parte das ações de combate à dengue, o Ministério da Saúde anunciou a distribuição de 1.260 equipamentos portáteis de UBV (ultrabaixo volume) até o final de abril. Os aparelhos serão utilizados no bloqueio de surtos, possibilitando maior alcance em áreas internas dos domicílios e superando barreiras físicas como muros e paredes.

“Até o fim de abril, entregaremos esses equipamentos de ultrabaixo volume para o bloqueio de surtos em todo o país. Eles permitem a aplicação do inseticida dentro das casas e nos quintais, atuando de forma mais ágil no controle do mosquito”, destacou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

QUEDA NOS CASOS E ÓBITOS POR DENGUE

Até 29 de março de 2025, o Brasil registrou uma redução de 75% no número de casos e de 83% nos óbitos por dengue, em comparação ao mesmo período do ano anterior. Segundo o ministro, essa expressiva queda é fruto das ações coordenadas pelo Ministério da Saúde, em parceria com estados, municípios e o engajamento da população.

O atual cenário indica maior concentração de casos nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná. No país, circulam os quatro sorotipos do vírus da dengue, com destaque para o DENV-3, que representa 22% dos casos registrados e não era identificado no Brasil há 15 anos.

“Os meses de abril e maio são, historicamente, os de maior incidência de casos de dengue na região Sudeste, a mais populosa do Brasil. Por isso, este balanço é fundamental para reforçarmos as ações e nos prepararmos ainda mais para esse período crítico”, explicou Padilha.

O ministro também ressaltou a importância de manter a qualidade das informações divulgadas:
“Não vamos divulgar dados da véspera ou análises precipitadas. Isso compromete a qualidade da informação. O que apresentamos aqui segue a melhor tradição da vigilância epidemiológica mundial, com o objetivo de oferecer os dados mais precisos sobre a tendência e o cenário atual da dengue no país”, afirmou.

Situação nos municípios paulistas

Segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses, entre os municípios em situação crítica, Campinas registra o maior número de casos, com 18.878 notificações. Já Americana lidera em número de mortes confirmadas, somando 18 óbitos, sendo o mais recente registrado nesta segunda-feira (7).

CIDADECASOSÓBITOS CONFIRMADOSÓBITOS EM INVESTIGAÇÃO
Campinas18.878215
Hortolândia6.02025
Americana6.0161814
Sumaré3.06752
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