Uma ação da sociedade civil reuniu voluntários, famílias e defensores do meio ambiente neste domingo em prol de uma causa: o reflorestamento de uma área de preservação ambiental. Foram plantadas mais de 70 mudas às margens de um córrego em uma área de mata localizada na Avenida Santa Cecília, no bairro Nova Carioba, em Americana.
O local ainda carrega as marcas das queimadas, com árvores secas e solo escurecido pela incineração, após ter sido atingido por um incêndio de grandes proporções em 8 de setembro. Na ocasião, moradores ajudaram a conter o fogo e relataram que o problema é recorrente.
Iniciativa surgiu pela falta de ação do poder público
Morador da região há mais de cinco anos, Thiago Rodrigues Garcia contou que a ideia do reflorestamento surgiu pela ausência de medidas da gestão pública. “É obrigação do poder público cuidar, garantir que a gente tenha direito à água e a conviver em um meio ambiente equilibrado. E a gente não vê isso acontecer. Já que eles não fazem, decidi colocar a mão na massa e mudar a situação”, afirmou.
Foram plantadas espécies nativas de acordo com o bioma do local, conforme explicou o biólogo Juliano Schiavo. “Americana está em uma região de transição com o Cerrado, mas incluímos algumas árvores da Mata Atlântica para atrair a fauna. São árvores frutíferas e floríferas, que alimentam aves e abelhas, ajudam a conter a enxurrada e evitam a erosão. A melhor forma de proteger uma nascente é plantando árvores”, explicou.
Mobilização reúne voluntários de todas as idades
Os voluntários são de todas as idades e compartilham o mesmo objetivo: preservar e cuidar do meio ambiente. A pedagoga Kátia Forte destacou a importância da iniciativa. “Se cada um fizer a sua parte, é um exemplo do que estamos fazendo aqui. Cada um doa um pouco do seu tempo. As árvores são muito importantes para essa área e para o meio ambiente”, disse.
Aos 5 anos, Luiza, filha de Thiago, também participou do plantio e contou o que pensa sobre o projeto. “Eu acho muito legal plantar árvores. Tenho dó dos animaizinhos que morrem. Eu amo árvores, as araucárias e os animaizinhos”, disse.
A bióloga Joelma Marcon reforçou que se trata de uma área nativa, que perdeu muitas árvores com as queimadas. “Isso é muito importante para as gerações futuras e para os jovens que estão engajados. Se cada um fizer um pouco perto da sua casa, nosso ambiente vai ficar melhor”, afirmou.
Jovens engajados e planos para acompanhamento da área
A compra das mudas foi realizada contando com o apoio de doações. “Quando comecei a juntar bastante gente e vi o pessoal engajado, fiquei muito feliz. Moro aqui há cinco anos e sempre tive esse desejo de conservar e cuidar. Ver isso acontecendo é realmente um sonho”, comentou Thiago.
As jovens Laura do Prado, Sofia Moreira e Sara de Oliveira, do grupo Interact, também participaram da ação. “Com todas essas queimadas, há muita perda de biodiversidade. Queremos fazer nossa parte para evitar que isso continue”, disse Sofia.
O grupo de ativistas ambientais reforçou que o trabalho não termina com o plantio, a ideia agora é plantar e cuidar. Em especial no período de chuvas e proteger a área para que o fogo não volte, além de conscientizar o bairro.
Falta de ações públicas preocupa especialistas
Para o biólogo Juliano Schiavo, ações como essa deveriam partir do poder público. “Faltam iniciativas em Americana para recuperar essas áreas. Faz tempo que o fogo atingiu o local e ninguém fez nada. Esse tipo de ação deveria ser liderado pelo poder público”, afirmou.
