sábado, 21 setembro 2024

Mortes por Covid-19 dobram após reabertura de comércio na região e médico alerta: ‘deve aumentar’

Após 18 dias de comércio aberto após a flexibilização da quarentena no dia 1° deste mês, as mortes e casos de coronavírus mais que dobraram na região. Médico infectologista da Prefeitura de Americana, Arnaldo Gouveia Junior afirma que o aumento ainda não é reflexo da reabertura do comércio e avisa que as mortes e casos devem aumentar ainda mais. 

No dia 1° de junho, quando o governo do Estado permitiu a reabertura de comércios de rua, shoppings, concessionárias, imobiliárias e escritórios, a região tinha 563 infectados e 36 mortes por coronavírus, após pouco mais de dois meses desde o início da quarentena. 

Depois de apenas 18 dias neste mês, esses números subiram para 1.406 casos positivos e 88 óbitos. Neste intervalo, nas cinco cidades da região, foram registrados mais 827 casos (quase 46 por dia) e 52 mortes (cerca de três por dia). Santa Bárbara destoa, com casos e mortes quadruplicando. 

Americana, que teve a semana com mais infectados desde o início da pandemia, com recorde de casos em um dia (38), viu as mortes e casos mais que dobrarem desde a reabertura. 

A cidade passou de 116 infectados e sete mortes no dia 1° para 284 casos e 17 vítimas fatais. Em 18 dias, 168 casos (cerca de nove por dia) e dez mortes. Só nestes últimos cinco dias foram 74 casos (quase 15 por dia) e três mortes, a pior semana desde o início da pandemia, mesmo sem ainda contar o fim de semana. 

Hortolândia foi de 156 casos com 14 mortes para 336 infectados (mais que o dobro) e 24 óbitos. Em 18 dias, mais 180 infectados (dez por dia) e dez mortes. Nova Odessa tinha 39 casos e duas mortes no dia 1°. Agora são 71 casos e nove mortes, com cerca de dois infectados por dia em média neste mês. 

Já em Santa Bárbara o número de infectados e de mortes quadruplicaram. Foram de 54 casos positivos para 207 e de três para 12 mortes. Em dezoito dias foram 153 novos casos (média de sete por dia) e nove mortes (uma a cada dois dias). 

As mortes e casos mais que dobraram com a reabertura. No primeiro dia do mês eram 198 infectados e dez mortes e agora são 502 casos e 26 óbitos, uma média em junho de 17 novos registros por dia. Das 16 novas mortes, 11 foram nos últimos cinco dias. 

Os números são semelhantes em cidades vizinhas. Em Campinas, os casos e mortes praticamente triplicaram. Foram de 1.735 infectados para 5.228 e de 78 para 203 mortes. 

Limeira foi de 221 casos para 800 e de 11 mortes para 37. Piracicaba tinha 640 infectados e agora tem 1.605, passando de 29 para 67 óbitos. 

O médico Arnaldo Gouveia afirma que o aumento de mortes e casos em Americana e região ainda não é reflexo da flexibilização da quarentena desde o dia 1°. Ou seja, os números devem aumentar ainda mais nas próximas semanas. 

“Não têm a ver com a flexibilização ainda, porque quando uma pessoa é contaminada demora de cinco a sete dias para iniciar a doença. As pessoas vão demorar de cinco a sete dias para ter sintomas e começar a procurar uma unidade de saúde. Creio que esse aumento tenha a ver com o Dia das Mães, muitos viajaram, se aglomeraram, estiveram em família”, afirmou. 

Nesta semana, a região teve na quarta-feira (17) o recorde de casos registrados em um dia, com 161 infectados, e também de mortes, Sete vítimas fatais. 

“Talvez estamos chegando perto do pico. Creio que deve ter aumento de casos e mortes porque estamos (Americana) abaixo da média nacional, e estamos fazendo mais exames, não só dos mais graves, mas também dos grupos de riscos, então vai aparecer mais casos, inclusive com poucos sintomas”. 

O médico frisa, porém, que o número de mortes é a “única maneira fidedigna” de analisar os números e que Americana e região estão abaixo da média nacional e mundial. 

“Até agora está bastante baixa. Pegando a população, a média de Americana é de 70 mortes por milhão de pessoa. A média do Brasil é de 220 por milhão, dos Estados Unidos é de 400. Por enquanto, em relação ao resto do mundo, estamos sendo relativamente poupados”, afirmou. 

“A gente não quer que o comércio pare, não quer ver mais gente desempregada, mas para isso as medidas têm que ser seguidas. A prefeitura tem que reforçar a fiscalização. Tem lugares abusando, fazendo aglomeração. Isso será mais fiscalizado, senão todo mundo vai pagar em consequência de uns poucos”, finalizou. 

Receba as notícias do Todo Dia no seu e-mail
Captcha obrigatório

Veja Também

Veja Também