domingo, 23 novembro 2025
SEGURANÇA VIÁRIA

Motociclistas jovens seguem como principais vítimas fatais do trânsito na região, aponta levantamento do Infosiga

Campinas lidera as mortes no trânsito na região, com 12 óbitos em outubro, enquanto motociclistas seguem como as principais vítimas em todas as cidades analisadas
Por
Felipe Gomes
Campinas lidera as mortes no trânsito na região, com 12 óbitos em outubro, enquanto motociclistas seguem como as principais vítimas em todas as cidades analisadas. Foto: Arquivo/ TV TODODIA

A região de cobertura da TV TODODIA registrou em outubro um cenário que se repete a cada mês: motociclistas, majoritariamente homens jovens de 20 a 24 anos, permanecem como as principais vítimas fatais do trânsito. Levantamento com dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Sinistros de Trânsito), plataforma do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo), indica que a maioria dos acidentes acontece em vias urbanas e envolve motocicletas, reforçando o padrão de vulnerabilidade entre condutores.

O que dizem os especialistas?
Para o professor Creso de Franco Peixoto, especialista em engenharia de transportes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), fatores estruturais das vias urbanas influenciam diretamente no aumento das ocorrências entre motociclistas. Entre os problemas estão a largura reduzida das faixas, projetadas para volumes de tráfego inferiores aos atuais, e a circulação entre corredores. Creso também destaca aspectos comportamentais e educacionais como agravantes.

“É importante lembrar que veículos de duas rodas têm uma tendência a serem utilizados estatisticamente mais por jovens […] em paralelo àquela emoção de, por exemplo, fazer uma ‘costurada’ entre veículos. Sem campanhas educativas consistentes e com fiscalização insuficiente, o risco cresce”, afirma.

Outros elementos estruturais também colaboram para o cenário. Segundo o professor, fatores como a expansão acelerada da frota de motocicletas desde a pandemia, condições trabalhistas que pressionam entregadores por velocidade, uso prolongado de capacetes sem manutenção adequada e ausência de políticas públicas nacionais voltadas à segurança de motociclistas agravam o problema.

Entre as medidas recomendadas, Peixoto aponta a necessidade de revisão da largura das vias urbanas, fiscalização mais intensa e campanhas educativas permanentes. Ele também defende a criação de faixas segregadas para motocicletas em áreas de grande fluxo e incentivos para a migração gradual à motocicleta elétrica, que, por ser mais silenciosa e menos veloz, tende a reduzir comportamentos de risco.

“Um empregador de um menino de 18 anos — me permitam colocar assim, com todo respeito e preocupação por ele — bate nas costas dele. Vamos chamar de Joãozinho: ‘Joãozinho, isso é bom aí, entrega rápido isso aí. Toma cuidado, hein?’ Na realidade, ele não falou para tomar cuidado; ele falou para entregar rápido. E ele vai se sentir mais poderoso e respeitado se correr”, afirma Creso.

Confira os dados da região
Americana registrou dois óbitos em outubro e 18 desde janeiro. A motocicleta aparece em 10 das mortes registradas; pedestres somam três vítimas. A maior parte dos mortos é formada por homens entre 20 e 24 anos. No mês, 48 acidentes foram registrados, dentro de um total de 570 sinistros no ano.

Em Santa Bárbara d’Oeste, a situação é semelhante: foi registrado um óbito em outubro e 20 desde janeiro. Oito das mortes envolveram motociclistas e seis vitimaram ocupantes de automóveis. As vítimas, em sua maioria, são homens entre 40 e 44 anos. Foram 28 acidentes no mês e 457 desde o início do ano.

Campinas, cidade com maior volume populacional e viário entre as analisadas, registrou 12 óbitos em outubro e 111 ao longo de 2024. Motociclistas respondem por 51 dessas mortes, e pedestres por 33. Homens entre 25 e 29 anos predominam entre as vítimas. Outubro encerrou com 196 acidentes e o acumulado anual chegou a 2.242 sinistros.

Em Sumaré, foram três mortes em outubro e 28 no ano, 16 delas envolvendo motociclistas. As vítimas são majoritariamente homens entre 20 e 24 anos.

Em Nova Odessa, não houve mortes em outubro, mas foram registrados cinco óbitos desde janeiro, quatro deles envolvendo motociclistas. As vítimas têm, em sua maioria, entre 25 e 29 anos.

Em Hortolândia, foi contabilizado um óbito em outubro e 15 no ano, sendo nove com motociclistas e quatro envolvendo ciclistas e pedestres. Predominam vítimas entre 25 e 29 anos.

Piracicaba encerrou outubro com três mortes e acumula 70 desde janeiro — 33 entre motociclistas e 22 entre ocupantes de automóveis. Homens entre 20 e 24 anos representam a maior parte das vítimas. No mês, foram 67 acidentes, dentro de um total de 882 sinistros no ano.

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