Movimentos sociais de Piracicaba voltaram às ruas no sábado (2) para protestar contra o Projeto de Lei 2.159/2021, aprovado em maio pelo Senado. A proposta pretende consolidar e modernizar o licenciamento ambiental no Brasil, adotando regras mais uniformes e simplificadas. Apelidado por ambientalistas de “PL da Devastação”, o texto pode fragilizar a fiscalização ambiental no país, segundo os manifestantes, e agora aguarda sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Caminhada percorre centro de Piracicaba
O ato teve início no Mercadão Municipal de Piracicaba e seguiu em caminhada até a Praça José Bonifácio, com destino final na Rua do Porto. A expectativa dos organizadores era reunir cerca de 150 pessoas ao longo da manifestação.

Projeto pode abrir brecha para autolicenciamento
O PL 2.159/2021 altera profundamente as regras de licenciamento ambiental no Brasil. Se sancionado na forma atual, permitirá que empresas realizem seus próprios licenciamentos, sem a exigência de análise por órgãos fiscalizadores — inclusive em empreendimentos com alto potencial de impacto ambiental. A medida tem gerado preocupação entre ambientalistas, juristas e pesquisadores de diversas áreas.
Organizador alerta para riscos do PL
Durante o protesto, Rafael Aragônios, estudante de Gestão Ambiental e integrante da organização do ato, alertou sobre os riscos da proposta. “A gente está fazendo um ato contra o PL da Devastação, que flexibiliza o licenciamento ambiental. Basicamente, se esse PL for sancionado, as empresas vão poder fazer o próprio licenciamento ambiental. O que é muito contraditório”, afirmou.

Mobilização nacional e recado ao governo
O protesto em Piracicaba foi pacífico, com diálogo aberto com a população e respeito ao comércio local. Os organizadores reforçaram que o objetivo era conscientizar sobre os riscos do projeto ao meio ambiente brasileiro, especialmente após o recente desastre ecológico ocorrido na cidade. “Mesmo se o Lula vetar esse PL, a Câmara pode derrubar. Então a nossa luta não vai acabar. Vem pra rua, gente”, conclamou Rafael.
Além de Piracicaba, manifestações semelhantes ocorreram em outras cidades brasileiras, como São Paulo, Campinas, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Fortaleza e Brasília — todas com o mesmo objetivo: pressionar o presidente a vetar integralmente o projeto.