sábado, 19 abril 2025

Mudança facilita venda de imóveis

O anúncio recente de mudanças nos valores de financiamento de imóveis animou o setor, que prevê aquecimento das vendas a partir de janeiro do próximo ano, quando as novas regras definidas entrarão em vigor.
Além de elevar o valor de financiamento de imóveis com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de R$ 950 mil para R$ 1,5 milhão, o governo federal também anunciou incentivos aos bancos para o financiamento de imóveis de até R$ 500 mil.
Das 1.641 unidades novas disponíveis em Campinas, 750 serão beneficiadas pelas medidas. O que representa 45,7% das unidades.
“As medidas anunciadas foram muito importantes e vão incentivar o comprador a adquirir a sua casa própria”, disse o presidente da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Luiz Antonio França.
De acordo com as novas regras, as instituições que financiarem unidade até esse valor poderão multiplicar o montante por 1,2 na contabilização do patamar mínimo que deve ser direcionado ao crédito imobiliário. Os bancos são obrigados a direcionar 65% dos recursos captados da poupança para esse tipo de financiamento.
“É um incentivo técnico aos bancos que deve contribuir para uma parcela que ficou no vácuo, que são os imóveis entre R$ 240 mil e R$ 500 mil, já que não se enquadram dentro do Minha Casa, Minha Vida”, considera França.
De acordo com levantamento do Secovi (sindicato do mercado imobiliário) Regional Campinas, a faixa entre R$ 240 mil e R$ 500 mil concentra o maior estoque de imóveis na cidade. São 700 unidades prontas para serem vendidas nesta faixa de preço. No total são 1.641 imóveis novos vagos em Campinas.
O município tem ainda 510 unidades com valor abaixo de R$ 230 mil, 289 entre R$ 500 mil e R$ 750 mil, e 92 entre R$ 750 mil e R$ 900 mil.
“Nossa expectativa é que, com essas medidas, haja uma aceleração no setor no início do ano que vem. É claro que tudo vai depender do processo eleitoral, mas já temos uma base mais sólida para acreditar em um aquecimento a partir de janeiro”, disse o presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), José Carlos Martins.
Ele lembra ainda que os bancos poderão usar outros indexadores diferentes da TR (Taxa Referencial), como os índices de preços, na constituição do crédito, o que vai permitir às instituições negociarem as carteiras de financiamento com investidores estrangeiros.
“Com a TR sendo o único índice de preço, os bancos não tinham como fazer esse tipo de negociação e precisavam levar esse contrato por todo o período, normalmente pelos 30 anos.
Com a mudança, ele pode usar um IGP-M ou IPCA e, assim, se desfazer do contrato ao longo do tempo e usar os recursos para novos financiamentos”, diz Martins.
Para o diretor executivo financeiro e de relações com investidores da Gafisa, Carlos Calheiros, existe uma parcela significante de pessoas que pretendem financiar imóveis de até R$ 1,5 milhão, mas que não conseguiam devido à limitação.
Com a crise nos últimos anos, os bancos ficaram mais restritivos para conceder empréstimo.
Segundo o Secovi, em Campinas existem 50 residências novas e esperando comercialização dentro da faixa de valores de R$ 900 mil a R$ 1,5 milhão.
“A medida vai ajudar tanto na liquidez do que já tem em estoque quanto para os futuros lançamentos. Não são medidas que terão impacto imediato, mas que vão contribuir para o setor ao longo do tempo”, diz Calheiros.
O presidente da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel, também comemora as mudanças, mas considera que a efetividade de novas compras ainda esbarra nas taxas de juros.
“Mesmo com as reduções dos últimos tempos, os juros ainda são altos e acabam inviabilizando muitos negócios”, afirma.
O vice-presidente do Secovi-SP, Flávio Prando, tem a avaliação de que as medidas estão no caminho correto, que seria o da redução do juro do crédito imobiliário no Brasil.
“Precisamos trazer essas taxas de juros para valores que possam permitir que pessoas de qualquer classe possam comprar um imóvel”, afirma.
CENÁRIO
Para o diretor Regional do Secovi em Campinas, Marcelo Coluccini, mesmo com as dificuldades econômicas do Brasil nos últimos anos, que impactaram diretamente o ritmo da cadeia da construção civil, o setor continua apresentando resultados importantes na região. “Os números de lançamentos e vendas e a redução significativa nos estoques de imóveis demonstram a importância do mercado imobiliário local, e comprovam as grandes oportunidades de negócios oferecidas em nossa cidade. Quem investir por aqui, tem, no futuro, a expectativa de alta valorização”, comenta.

 

ESTOQUE TEM QUEDA

Levantamento sobre o Mercado Imobiliário, feito pelo Departamento de Economia e Estatística do Sindicato em parceria com a Robert Michel Zarif Assessoria Econômica, mostra que nos últimos três anos caiu o número de residências em estoque. No período estudado, foram lançadas 6,4 mil unidades e 4.759 foram vendidas, gerando oferta de 1.641 novas habitações. No estudo anterior, a oferta final foi de 2.545 unidades, o que representa uma queda de 36%.
Das 6,4 mil unidades lançadas, destacam-se os imóveis de 2 dormitórios econômicos, que responderam por 49% do total, com 3.148 unidades. Além disso, 50% dos lançamentos foram de unidades econômicas de até R$ 230 mil (3.184 imóveis).
Dos 4.759 imóveis comercializados nos 36 meses analisados, a participação das unidades de 2 dormitórios econômicos foi ainda maior, chegando a 56% do total: 2.646 unidades vendidas e 56% com valores até R$ 230 mil (2.674 unidades).

 

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