sábado, 20 abril 2024

No Dia da Enfermagem, comemorado hoje, relatos da frente de batalha da pandemia

Nesta quarta-feira, 12 de maio, é comemorado o Dia Internacional da Enfermagem. Aos olhos dos profissionais essa área é muito desvalorizada, mas ao longo de mais de um ano da pandemia do coronavírus, a enfermagem, que esteve na linha de frente na luta contra a doença, começou aos poucos a ter mais reconhecimento.

A data foi instituída no mesmo dia em que nasceu Florence Nightingale, considerada a “mãe” da enfermagem. Uma mulher britânica do século 19 que, indignada com o tratamento oferecido aos mais vulneráveis financeiramente no Reino Unido, foi uma das pessoas mais ativas na busca por melhores condições de saúde na época.

A enfermeira do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) de Sumaré, Bruna Busnardo, de 37 anos, já está na enfermagem há 18 anos e no atendimento móvel há nove. Para ela, a semana da enfermagem deve ser muito comemorada pois “se não fosse a enfermagem teria muito mais gente morrendo. A enfermagem cuida, se preocupa e está ali do lado do leito por muito mais tempo e é mais de 50% do corpo dos hospitais”.

Ela explicou também que além de cuidar da saúde física dos pacientes, muitas vezes a pressão e o batimento cardíaco deles melhoram apenas com uma conversa com os profissionais.

A pandemia trouxe aos profissionais uma sobrecarga na jornada de trabalho, não só devido ao aumento no número de pacientes, mas também porque muitos enfermeiros se contaminaram, foram afastados e até morreram. Segundo o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), somente no Estado de São Paulo, 102 profissionais morreram vítimas da Covid-19. Em todo o Brasil já foram 778.

A enfermeira do Samu de Sumaré explicou que isso fez com que os enfermeiros dobrassem os horários de trabalho e fizessem horas extras. “Enquanto a gente atendia dez pacientes, de repente a gente começou a atender 50 pacientes, então foi cena de guerra realmente” contou Bruna.

A rotina do Samu foi diferente de todos os outros anos em que Bruna esteve no atendimento móvel. Durante as transferências de hospitais dos pacientes, os parentes ficam na porta aguardando, já que é um dos únicos momentos que podem ver o familiar. “Eu lembro que uma das vezes nessas transferências, um paciente entubado, a família estava na porta filmando, como se estivesse se despedindo dele. Aquilo me cortou o coração. Eu lembro que fui chorando o caminho inteiro até São Paulo. Esse sentimento é constante”.

Ela acredita que após o fim da pandemia, enfermagem terá maior reconhecimento devido ao trabalho que está se mostrando cada vez mais necessário e o primeiro a estar sentindo o impacto causado pelo coronavírus.

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