Americana amanheceu ontem (7) sem ônibus do transporte coletivo urbano, depois que cerca de 180 motoristas da VPT (Viação Princesa Tecelã) entraram em greve diante do temor de não receber suas verbas rescisórias por causa da mudança de empresa, prevista para o final do mês no sistema.
Pelo menos 20 mil passageiros foram prejudicados ontem pela paralisação, que pegou toda a cidade de surpresa e durou o dia todo. Após intermediação da prefeitura, os funcionários em greve decidiram no início da noite que retomam hoje (8) o trabalho, com a promessa de manter o sistema funcionando normalmente pelos próximos cinco dias, até que haja uma reunião no Ministério Público (MP) para tratar do caso.
ENTENDA O CASO
A partir de 1º dezembro, a Sou Americana, empresa de ônibus do grupo Sancetur, assume emergencialmente a concessão do sistema de transporte urbano, após a prefeitura declarar o fim do contrato com a VPT – que teve negado pedido de liminar na Justiça para permanecer como prestadora do serviço.
Com o fim do contrato da VPT, trabalhadores da empresa se viram diante da possibilidade de não receber os pagamentos e decidiram ontem de madrugada paralisar os serviços. Os ônibus que atendem às 35 linhas da cidade nem saíram da garagem.
Nem a prefeitura, nem o Sindicato dos Condutores de Americana e Região, que representa a categoria, foram notificados previamente sobre a paralisação dos motoristas. O diretor do sindicato, Nadir Migliorin, informou que os trabalhadores tiveram seus salários pagos na segunda-feira.
A falta de ônibus afetou a ida e a volta de milhares de passageiros ontem. Era comum encontrar pessoas caminhando apressadamente pelas principais avenidas de Americana, aguardando nos pontos de ônibus, sem saber da greve surpresa.
Foi o caso da diarista Isabel Silva, 48, surpreendida pela reportagem do TODODIA ao ser informada da paralisação. “Eu moro aqui perto e não sabia. Trabalho por dia, estou indo levar currículo e cadê o ônibus? Como pode uma coisa dessa?”, questionou.
A doméstica Iraci Therezinha Benassuto, 59, perdeu o dia útil e a remuneração porque não conseguiu chegar ao local de trabalho. “Agora estou indo pra casa, porque como que eu vou trabalhar?”, perguntou.
A pensionista Aurora Bidoli, 61, moradora do Parque da Liberdade, ilustrou a situação nos pontos. “Ninguém estava sabendo. O povo todo pronto pra ir trabalhar voltando pra trás, um caos!”, afirmou.
Para o aposentado Aparecido Dulla Croci, 74, a situação só não foi pior porque alguns usuários embarcaram em ônibus intermunicipais, que circularam normalmente. “Eu vou esperar o ônibus de Santa Bárbara, porque depois desço no terminal e vou a pé. E esse pessoal que precisa trabalhar, como é que fica?”, questionou.