Muito provavelmente, em algum momento da vida, muitas pessoas já tiveram aquela vontade de jogar tudo para o alto e encarar novos desafios no exterior, tanto para estudar como trabalhar.
Porém, um dos grandes empecilhos para a realização deste sonho é a questão profissional e financeira. Além disso, passar uma temporada no exterior requer planejamento e orientação.
O intercâmbio profissional é uma das boas alternativas para concretizar o sonho de conhecer novas culturas e fazer dinheiro fora do País. Essa busca por novas oportunidades tem levado cada vez mais jovens a participar destes programas com a possibilidade de ter um emprego fixo, estudar e se aperfeiçoar em inglês.
Dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontam que 65,8% dos jovens entre 14 e 35 anos querem ter uma experiência fora do Brasil.
“A procura por intercâmbio como trabalho tem aumentado nos últimos anos, esta que é uma modalidade que dá visto para conseguir emprego legalmente, e que tem atraído muitos brasileiros”, afirma Marcelo Toledo, especialista em imigração, há 20 anos
Diretor do site Empregos em Dubai, Toledo viu a possibilidade de trabalhar com empresas de destinos menos conhecidos como os Emirados Árabes, onde as empresas buscam profissionais em várias áreas de atuação.
Segundo o especialista, que já agenciou cerca de 8 mil brasileiros, há outros destinos também como Dubai e Kuwait, que é o país que possui a moeda mais valiosa do mundo, o Dinar.
Atualmente, a sua cotação em relação ao dólar é a única a superar a marca de 3 dólares. Em Real, um Dinar vale R$ 12,25 (cotação do dia 4 de janeiro).
SONHO PROFISSIONAL
É atrás desse sonho que Roger Fabricio Silva, de Campinas, está arrumando as malas para viajar para o Kuwait, no final de fevereiro. Seu currículo foi selecionado por Toledo.
Silva, que é chef de cozinha em um restaurante tailandês em Campinas, foi contratado como chef de cozinha pelo Hotel Milleniunn, um cinco estrelas que faz parte de uma rede de 300 hotéis no Oriente Médio.
“A minha expectativa de trabalhar no Kuwait é a de dar um passo importante na minha carreira. E ainda aprender uma cultura diferente, outro idioma”, diz confiante
Silva não vai desembolsar nenhum centavo para chegar ao seu novo local de trabalho. Essa é uma das vantagens do intercâmbio profissional. Segundo Toledo, a contratante paga as passagens, traslados, moradia, oferece visto de trabalho por 2 anos e todos os benefícios, como plano de saúde. “Também é a empresa que paga pelo meu serviço de recrutamento”, afirma
O valor do salário anual do chef de cozinha de Campinas será de R$ 78 mil, cerca de R$ 6,5 mil por mês, sem descontos de impostos. Um salário de pelo menos três vezes o atual.
De acordo com Toledo as maiores oportunidades são para quem consegue dominar bem a língua inglesa. “Tem prioridade aqueles que são fluentes. Eles conseguem uma remuneração melhor, que pode chegar a R$ 12 mil. Mas para quem possui inglês intermediário há vagas de emprego também, como garçonete, por exemplo”, disse.
‘MELHOR COISA QUE FIZ NA VIDA’
Ivana Ximenes de Castro, de Campinas, foi recrutada por Marcelo Toledo em 2007 para trabalhar em um navio. O contrato era de 4 meses. “Quando voltei, procurei o Marcelo novamente para buscar outro trabalho no exterior. Eu tinha 27 anos e fui pra Dubai em 2008, trabalhar como garçonete no Hotel Dusit Thany Dubai e aprimorar meu inglês. Não gastei nada”, conta.
O contrato era de dois anos, mas Ivana ficou no trabalho por apenas 8 meses. “Eu me apaixonei pelo meu chefe, que é italiano. Casamos e fomos morar na Irlanda. Foi lá que tive meu filho, o Victor”, diz. Ela voltou para o Brasil em 2009 e depois de 4 anos se separou do marido.
“Fazer o intercâmbio profissional foi a melhor coisa que fiz na minha vida. Me abriu muitas portas e hoje falo inglês e italiano fluentemente. Mesmo com as diferenças entre as culturas, eu indico fazer, pela experiência de vida e a oportunidade de conhecer outros lugares.”
‘MAIS EXPERIENTES’ TAMBÉM VÃO
Com crescimento de aproximadamente 20% nos últimos anos, o intercâmbio para a faixa etária acima dos 50 anos ganhou o interesse dos brasileiros e mostra que estudar no exterior não é algo somente para jovens.
De acordo com a especialista da CI Intercâmbio e Viagem, Luiza Vianna, a demanda deste público é muito variável, e pode ser dividida em dois grupos. “Para os intercambistas que ainda estão no mercado de trabalho, o interesse pode ser aprimorar o segundo idioma e ainda criar um networking profissional. Já para os que não estão ligados ao mundo dos negócios, a experiência da troca cultural tem maior importância”, explica.
Para Candida Elisa Borella, 56, a oportunidade de fazer o intercâmbio veio com a aposentadoria. Ela foi para Victoria, no Canadá, por ser uma cidade pequena e bonita. “Sempre quis ter uma experiência no exterior, mas não pude fazer isso na adolescência, e a vontade cresceu quando me aposentei. Escolhi o curso intensivo de inglês, com aulas de manhã e à tarde. Queria estudar o máximo possível para aproveitar bem minha viagem”, comenta.
Candida não quer parar. Ela tem um projeto de conhecer três países com seu marido quando ele se aposentar também. “Não deixe que a questão da idade seja uma desculpa, pois, sem sombra de dúvida, isso não é um empecilho”, aconselha a intercambista.