
Uma das peixarias mais tradicionais de Limeira estima vender mais de 30 toneladas de peixes até a Sexta-feira Santa, data em que os cristãos tradicionalmente se abstêm do consumo de carne vermelha.
O proprietário da Peixaria Peixe Bom, Milton Spinelli, está no ramo há 50 anos. O comércio foi fundado por seu pai há 67 anos, numa época em que a venda era feita com carrinhos e também em feiras livres.
Para Spinelli, o período da Quaresma — ou seja, os 40 dias que, neste ano, se encerram em 17 de abril — é marcado por um aumento significativo nas vendas. Segundo ele, o filé de tilápia é o peixe mais procurado nesse período, por ser de preparo simples e muito saboroso. O segundo mais procurado é o tradicional bacalhau.
Quando questionado sobre os preços, Spinelli revelou que, em comparação com o ano anterior, os valores permaneceram praticamente os mesmos, o que tem contribuído para manter as vendas aquecidas.
O movimento é tão intenso que, nos dias que antecedem a Sexta-feira Santa, a peixaria adota um sistema especial de atendimento: os clientes são atendidos pelas janelas, numa operação adaptada para dar conta da demanda.
Quaresma no Brasil: tradição e fé
A tradição da Quaresma no Brasil remonta ao período colonial, trazida pelos colonizadores portugueses e fortalecida pela influência da Igreja Católica, predominante no país.
A Quaresma é um tempo litúrgico de preparação para a Páscoa, que dura 40 dias, simbolizando os 40 dias de jejum de Jesus no deserto. No Brasil, especialmente nas regiões com forte tradição católica, como o Nordeste e o interior de estados como Minas Gerais e São Paulo, a prática do jejum e da abstinência de carne vermelha durante as sextas-feiras desse período é amplamente seguida.
O consumo de peixe, então, aumenta consideravelmente, tornando-se uma oportunidade importante para comerciantes do setor, como as peixarias. Além do aspecto comercial, a Quaresma é marcada por celebrações religiosas, encenações da Paixão de Cristo e rituais de penitência e reflexão espiritual.