A Represa do Salto Grande registrou ontem a morte de peixes às margens de um dos condomínios residenciais de alto padrão em Americana. Os animais apareceram boiando entre os aguapés, que atualmente cobrem cerca de 275 hectares do espelho d’água. A Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) não recebeu denúncia a respeito e promete investigar o caso.
Esta semana, o TODODIA noticiou o ressecamento de parte dos aguapés da represa. A CPFL Renováveis, responsável pela barragem, enviou um especialista ao local na quarta-feira, mas não detalhou as causas da morte das plantas aquáticas, informando que as visitas fazem parte do estudo sobre o crescimento dos aguapés no reservatório.
Desde 6 de dezembro, após 11 meses suspensa, a remoção mecânica das plantas foi retomada pela empresa.
A morte dos peixes verificada por funcionários do condomínio na manhã de ontem não está acompanhada de mau cheiro da água, segundo os moradores do residencial.
A preocupação, no entanto, é que o calor intenso previsto para os próximos dias traga este desconforto.
Para a bióloga Luana de Paula e Silva, as mortes dos aguapés e dos peixes podem estar relacionadas.
“É um processo conhecido como eutrofização. Com essa matéria orgânica acumulada na represa, os microorganismos crescem e isso gera um tipo de ‘filme’ de algas por cima da água. Assim a luminosidade não consegue penetrar, diminuindo a taxa de fotossíntese na água, que libera o oxigênio para os peixes”, detalhou.
O fundador da Associação Barco Escola da Natureza, João Carlos Pinto, destacou que a morte de peixes é comum quando há chuvas, que acabam deixando os peixes sem oxigênio.
No dia 18, foram registrados 2,5 milímetros de precipitação na cidade, de acordo com a Defesa Civil. De lá pra cá, não houve mais chuvas em Americana.
A CPFL Renováveis informou que a remoção mecanizada de macrófitas é realizada exclusivamente na área operacional próxima ao barramento da PCH Americana e que esta atividade não resulta em qualquer relação com a possível ocorrência de morte de peixes.
“Esclarecemos também que situações desta natureza não estão associadas à atividade da CPFL Renováveis, e sim, ao lançamento de fontes de poluição difusas e pontuais no reservatório de Salto Grande”, informou a empresa em nota.