quarta-feira, 12 novembro 2025
OPERAÇÃO “COFFEE BREAK”

Prefeituras de Hortolândia e Sumaré não dão informações sobre contratos com a empresa Life Educacional, alvo da PF

Até as 16h de quarta-feira, vice-prefeito de Hortolândia seguia detido na sede da Polícia Federal em Campinas
Por
Vagner Salustiano

Até o final da tarde desta quarta-feira (12), as prefeituras de Hortolândia e Sumaré não haviam dado detalhes sobre seus contratos com a empresa Life Tecnologia Educacional, sediada em Piracicaba e alvo da Operação “Coffee Break”, da Polícia Federal (PF), Controladoria-Geral da União (CGU) e Polícia Militar de São Paulo.

A Operação investiga supostas fraudes em licitações públicas, desvios de recursos públicos da educação e irregularidades na contratação da empresa, fornecedora de materiais didáticos para os municípios de Sumaré e Hortolândia, entre outras.

A ação cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e seis de prisão, expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal de Campinas, em cidades de três estados. Desse total, 19 foram na região, incluindo em endereços particulares nas cidades de Hortolândia, Piracicaba e Limeira. Também houve buscas e apreensões de documentos nas prefeituras de Hortolândia e Sumaré.

Sede da empresa alvo da apuração fica em Piracicaba. Foto: Divulgação/PF

Segundo a Polícia Federal, os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa.

Hortolândia garante legalidade de contratos
Segundo a secretária de Assuntos Jurídicos de Hortolândia, Silvania Anízio da Silva, os policiais federais estiveram na Secretaria de Governo e no Departamento Administrativo da Prefeitura, onde tiveram acesso a todo o processo administrativo do contrato com a Life Tecnologia Educacional Ltda.

Atualmente, a empresa fornece material paradidático na área de robótica para a rede municipal de ensino. “O contrato está ativo”, segundo a secretária – que desconhecia, no entanto, se houve alguma aquisição recente realizada através deste contrato.

A Prefeitura de Hortolândia também não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre os valores e datas das compras feitas junto à Life.

Silvania ressaltou que não existia, até então, qualquer indício de irregularidade ou apuração interna sobre este contrato. “Estamos pedindo uma cópia do procedimento de investigação (da PF) para termos acesso e sabermos realmente do que se trata. Vamos aguardar esse acesso para podermos informar”, completou a secretária.

Mas, segundo ela, todos os contratos da Prefeitura (inclusive com a Life) “estão de acordo com a Lei Federal nº 14.133 (a nova Lei de Licitações e Contratos)”. “Tudo é feito por pregão, por concorrência, e todos os nossos procedimentos (de compras) estão de acordo com a legislação vigente”, garantiu.

Policiais federais deixaram a sede da empresa investigada com sacos de documentos. Foto: Divulgação/PF

Defesa de Cafu aguardava audiência
A operação culminou com a prisão do vice-prefeito e secretário municipal de Governo de Hortolândia, Carlos Augusto Cesar, o Cafu (PSB), de 63 anos. Não foi detalhada pela Polícia Federal, no entanto, qual teria sido a suposta participação do vice-prefeito hortolandense no esquema investigado.

Até as 16h da quarta-feira, Cafu seguia detido na sede da PF em Campinas. Seu advogado, Ralph Tortima Filho, buscava ter acesso aos autos e aguardava a realização da audiência de custódia pela Justiça Federal de Campinas, que definiria se a prisão do vice-prefeito hortolandense seria mantida ou relaxada.

Sumaré apura “lisura do contrato”
Em Sumaré, o secretário de Justiça, Valdemir Moreira dos Reis Junior, confirmou que a PF fez a apreensão de documentos relativos a contratos da Secretaria Municipal de Educação com a Life, para fornecimento de material paradidático de robótica, firmados “dos anos de 2020 pra frente”.

Ele reafirmou, no entanto, que a desde o início de 2025 não houve qualquer aquisição da fornecedora, e que o contrato da gestão anterior é alvo de uma apuração interna.

“Nenhuma compra. Esta gestão, assim que tomou posse, não deu continuidade neste contrato. Sobre ele, inclusive, existe uma sindicância aberta pela Secretaria de Educação desta gestão que está apurando a lisura deste contrato”, garanti Reis Junior. A Prefeitura de Sumaré também não forneceu valores e datas das aquisições de materiais junto à Life.

Luiz Alfredo se manifesta
O ex-prefeito Luiz Alfredo Dalben informou em nota ter tomado ciência das ações na Prefeitura de Sumaré pela imprensa e que não recebeu qualquer notificação, “nada constando contra sua pessoa”.

“Reforça ainda que, durante sua gestão, o trabalho sempre foi orientado e pautado pelos princípios da legalidade e moralidade. O ex-prefeito coloca-se à disposição para colaborar com as autoridades e segue confiando na Justiça”, completa a nota.

Empresa investigada decide não se manifestar
A Polícia Federal esteve na sede da Life Tecnologia Educacional Ltda, em Piracicaba, na manhã desta quarta-feira, de onde saiu com um grande volume de documentos. A empresa informou apenas à imprensa que não iria se manifestar sobre as investigações.

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