O vereador de Cássio Luiz Barbosa, o Fala Pira (PL), acusado de crimes sexuais, passou por audiência de custódia nesta sexta-feira (10) e permaneceu preso. O parlamentar foi transferido para o Complexo Penitenciário de Tremembé, onde já passaram Robinho, Elize Matsunaga e os irmãos Cravinhos (condenados pela morte dos pais de Suzane von Richtofen).
Cássio foi preso temporariamente na manhã de quinta-feira (9), após quase 10 mulheres o denunciarem, segundo a Polícia Civil.

Histórico
Eleito para o seu segundo mandato pelo PL (Partido Liberal) em 2024 com 4.676, Cássio foi o segundo vereador mais votado do município naquele pleito.
O Complexo Penitenciário de Tremembé é conhecido por abrigar criminosos de grande repercussão nacional, como Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabella Nardoni e o ex-policial militar Ronnie Lessa, condenado pelo assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco.
Relembre o caso
De acordo com boletins de ocorrência obtidos pela TV TODODIA, uma das mulheres contou que procurou o gabinete do vereador em busca de uma vaga de emprego. Durante a conversa, o parlamentar teria segurado sua mão, massageado e feito comentários de conotação sexual. Em seguida, segundo o depoimento, ele teria passado a mão em suas partes íntimas e começado a se masturbar, pedindo que a denunciante o tocasse.
Ao recusar, a mulher relatou ter sido apalpada, começou a chorar e foi interrompida por uma funcionária que bateu à porta após ouvir o som. O vereador teria pedido que ela esperasse, alegando que a entrevista “ainda não havia terminado”. A denúncia aponta que ela afirmou ter se sentido “suja” após o episódio.

Outro lado
Durante sessão da Câmara Municipal na segunda-feira (6), Cássio negou as acusações. Disse ter “histórico limpo” e alegou estar sendo alvo de ameaças por telefone. Em discurso, o vereador afirmou que as denúncias seriam falsas e questionou a possibilidade de os supostos abusos terem ocorrido sem que ninguém percebesse, devido à proximidade entre os gabinetes.
Licença
Em razão da prisão temporária, Cássio solicitou seu afastamento sem remuneração até o dia 16 de dezembro, e seu pedido foi aprovado no plenário com 19 votos a favor e 1 contra. De acordo com a Câmara Municipal de Piracicaba, a convocação do suplente, Fabrício Polezi, só aconteceria em caso de um período de afastamento de 120 dias, o que não se aplica à situação atual.
Defesa se manifestou
A defesa do parlamentar afirmou que as redes sociais tiveram papel determinante na ampliação das acusações contra ele. Segundo os advogados, publicações e comentários on-line teriam estimulado novas denúncias e contribuído para o desgaste da imagem do vereador antes da conclusão das investigações.
“Hoje, você tem mais carrascos nas redes sociais, pessoas que temem realmente apurar a verdade real. A verdade real será apurada, não tenha dúvida disso. A defesa está fazendo isso. A gente tem conhecimento de grupos que têm, inclusive, interesse político nessa questão. Ao longo do inquérito, nós vamos apresentar o arcabouço de provas que temos a favor do nosso cliente e deixar a Justiça cuidar do Cássio”, afirmou o advogado Jonas Parisotto.
Ainda segundo a defesa, o meio político também teria influenciado o cenário que se formou em torno do caso. Eles alegam haver grupos com interesses partidários na repercussão das denúncias e reforçam que o processo deve seguir dentro da legalidade, sem interferências externas.
A defesa sustenta que não há provas concretas nos autos e que o vereador tem colaborado com a Justiça, apresentando documentos e informações que, segundo os advogados, comprovariam sua inocência.
Câmara e partido
Em nota, a Câmara Municipal de Piracicaba informou que acompanha o caso e colabora com as investigações, prestando suporte às autoridades e mantendo contato com a Procuradoria Legislativa para adotar as medidas administrativas e regimentais cabíveis.
Já o PL (Partido Liberal) de Piracicaba declarou ter “total confiança na Justiça, no trabalho sério da Polícia Civil e no devido processo legal”, reconhecendo “a gravidade das acusações e a importância de uma apuração rigorosa e imparcial”.
Em caso de condenação, o vereador deve ser expulso da sigla, ainda de acordo com o documento.
Canais de ajuda
Mulheres que estejam sofrendo violência podem acionar o 190 (Polícia Militar) em casos de agressão em andamento ou risco iminente. O 180 (Central de Atendimento à Mulher) funciona 24 horas, de forma gratuita e sigilosa, oferecendo orientação e encaminhamento à rede de proteção.