Professores e funcionários da ETEC (Escola técnica) Ferrúcio Humberto Gazzetta, em Nova Odessa, aderiram à greve organizada por docentes das ETECs e FATECs do Estado de São Paulo, integrados ao Centro Paula Souza, que teve início nesta terça-feira (8), em busca de melhorias e valorização no mercado.
Das 228 ETECs e 77 FATECs, cerca de 120 escolas integraram a greve. Entre as reivindicações principais, os professores e funcionários administrativos exigem o pagamento imediato do bônus por resultado, o fim do arrocho salarial – para eles, o reajuste de 6% não cobre o crescimento da inflação dos últimos anos -, a revisão de carreira e a defesa das escolas do Centro Paula Souza.
Os professores de Nova Odessa se reuniram nesta manhã para conversar a respeito das reivindicações e de novas ações que deverão ser realizadas nos próximos dias. Segundo a professora de História e Geografia, Vanessa Lemos, essas reivindicações estão sendo feitas para manter a educação de qualidade.
“Infelizmente, a desvalorização profissional do nosso grupo, da nossa classe, enquanto professores e professoras, é gritante há muito tempo. Estamos sempre em defasagem. Estamos aqui porque acreditamos na educação”, afirmou a professora.
Vanessa comentou que, além da desvalorização no lucro do trabalho, os novos professores que vêm se formando não consideram a atuação nas ETECs atrativa. “Também é por isso que lutamos, para que professores continuem motivados a oferecer uma educação de qualidade, porque acreditamos na educação, e o Centro Paula Souza oferece essa qualidade”, finaliza.
O professor de filosofia Rafael Bekedorf afirmou que é importante que os professores e membros da sociedade civil se informem sobre as pautas para entender um pouco mais da paralisação. “Nossa luta é legítima, queremos melhores condições de trabalho, melhores planos de carreira para os professores, mas também melhores condições de trabalho. Estamos inclusive buscando zelar pelo futuro da instituição”, disse.
Gabriel Romão, que complementa o corpo de funcionários administrativos da escola, disse que a participação de todos os funcionários mostra a insatisfação decorrente da falta de funcionários e a pressão que essa defasagem acaba gerando.
“É, o nível de estresse sempre é grande. Então, tentamos procurar separar as coisas, mas sempre que estamos aqui, estamos sobrecarregados, correndo atrás do prejuízo. Temos planejamentos, mas muitas vezes eles são interrompidos pela falta de tempo para executar tudo e a falta de funcionários para alcançar essas metas”, diz.
A greve ainda não tem previsão de data para término, mas os colaboradores afirmaram que a meta é que termine o mais rápido possível, chegando a um acordo justo entre o Estado e a classe.
Os alunos
Os alunos se reuniram junto aos professores em apoio à causa do corpo docente. Por meio do Grêmio Estudantil de Projetos (GEP), os alunos emitiram uma nota de apoio, em um dos trechos eles comentam: “Nossa educação está cada vez mais sucateada. Sofremos com falta de professores, falta de recursos para infraestrutura e com o descaso do Centro Paula Souza, que permite o agravamento desses e muitos outros problemas. Queremos qualidade para a educação pública das ETECs e FATECs”.
A Instituição
Em nota, o Centro Paula Souza afirmou que trabalha para valorizar os servidores da instituição. A Bonificação por Resultados (BR), referente ao ano de 2022, que geralmente é paga em maio, deverá ser paga até outubro, podendo ser antecipada para setembro.
A instituição garantiu também que estudará um novo plano de carreira para os servidores, que será encaminhado para análise até setembro. “O investimento nas Etecs e Fatecs para ampliar as oportunidades de acesso à formação profissional gratuita em São Paulo é compromisso da atual gestão. A instituição adotará todas as medidas necessárias para garantir que os estudantes não sejam prejudicados”, disse em nota.