Para contribuir com o processo de desconstrução de práticas discriminatórias e desrespeito às diferenças na escola, três estudantes de Sumaré criaram o projeto “Cabelo, Autoestima e Construção da Identidade da Menina Negra”. A iniciativa foi reconhecida na 4ª edição do “Desafio Criativo na Escola” e as alunas da Escola Estadual Profa. Leila Mara Avelino receberão o prêmio de R$1,5 mil, no dia 4, em Fortaleza (CE).
Dentre 1.654 propostas de todo o Brasil, o projeto foi um dos 11 selecionados. A escola de Sumaré é a única representante do Estado. As alunas Ana Aurélia Maluf, Mércia Sena Nascimento, e Isabela Nicole Cerqueira sentiram a necessidade de ir além dos conteúdos presentes nos livros didáticos. O interesse pela cultura africana e afro-brasileira tem a ver com a aceitação da própria identidade. “Sempre ouvimos piadas sobre nosso cabelo. Quando a gente é criança essas piadas machucam”, conta Ana Aurélia, de 13 anos.
Sob a orientação da professora de História, Eliana Cristo de Oliveira, as estudantes deram início à pesquisa com o objetivo de conscientizar as pessoas dentro e fora da escola sobre preconceito e valorização do cabelo natural. De acordo com a diretora da escola, Silvia Lorençatto, a oferta de ensino em tempo integral é o diferencial no processo de aprendizagem. “Criamos o Clube Juvenil ‘Naturalmente Cacheadas’ e o espaço estimula que os estudantes troquem experiências e também se dediquem à pesquisa”, afirma.
Esta é a quarta premiação concedida ao projeto. “Houve redução nas críticas às meninas de cabelo crespo. Além disso, muitas meninas estão passando pelo processo de transição capilar e deixando o cabelo natural. É lindo ver esse empoderamento”, comenta.
As alunas já têm planos para o prêmio. Elas querem investir na criação de um canal na plataforma do Youtube. Com o dinheiro, pretendem comprar uma câmera de vídeo.