Segundo a psicóloga Sheila Molchansky, os adolescentes não sabem lidar com frustrações e com as emoções advindas de situações frustrantes como raiva, angústia, ansiedade, depressão e tristeza. Isso leva a atos como o que aconteceu em Paulínia. “Quando o conjunto desses fatores não é trabalhado ou é mal trabalhado, gera um estresse muito grande e faz com que eles cometam atos extremos”, explicou.
Os pais estão muito ausentes hoje em dia
Para a profissional, a formação psicológica e emocional dos adolescentes, dada pela família, é fundamental. Ela acredita, ainda, que casos como esse sejam cada vez mais comuns. “Os pais estão muito ausentes hoje em dia, não fisicamente, mas sim ausentes em perceber o sofrimento dos filhos. Quase não existe espaço de conversas e convívio social. O ideal é que as famílias retomem esse processo de aproximação e diálogo franco, com qualidade. E, pela minha experiência, posso dizer que algumas conversas de alinhamento entre pais e filhos já geram grandes resultados”, disse.
Outra recomendação da especialista é que os pais estejam atentos ao que os filhos veem na Internet, bem como ao telefone, aos ambientes que frequentam e amigos. Contudo, devem evitar ser invasivos. “O jovem precisa saber que o pai e a mãe estão interessados em saber como ele está e que se preocupam com ele e, por isso, podem e devem olhar o que eles fazem nas redes sociais e no celular, por exemplo”.
Para a psicóloga, é importante que os pais falem de temas polêmicos. “É importante que os pais levantem os assuntos em casa e discutam com os filhos, perguntando o que eles pensam e discutindo de uma forma construtiva e madura. Isso é um instrumento de empoderamento e enfrentamento muito poderoso e pode, inclusive, fazer com que esse adolescente seja um exemplo e tenha uma opinião sólida quando o assunto for levantado numa roda de conversa entre amigos”, explicou.
A aproximação, o diálogo e o afeto precisam ser eficientes, de acordo com a psicóloga, e buscar ajuda de um profissional pode ajudar nesse aspecto. “É muito importante que os pais busquem um psicólogo para intermediar a relação, melhorar o diálogo e trazer pontos de reflexão para aumentar o vínculo e o bem-estar da família como um todo”, concluiu.
O CASO
A GCM (Guarda Civil Municipal) de Paulínia resgatou na tarde desta quarta-feira (29) uma adolescente de 14 anos que estava em cima do portal de entrada da cidade, também conhecido como Portal Futurista.
De acordo com o subinspetor da Guarda, Jose Antônio Graal, o caso aconteceu por volta das 14h e a guarda foi avisada por uma pessoa que passava pelo local. “Dois guardas municipais chegaram primeiro na ocorrência, subiram no portal e conversaram o tempo todo com a menina. Num momento de distração dela, conseguiram segurá-la e fazer o resgate”, contou.
Ainda segundo o subinspetor, a adolescente estava com um uniforme de uma escola que fica nas proximidades do portal. Contudo, como ela não se comunicou com os guardas, ainda era desconhecida a motivação. O Corpo de Bombeiros também prestou apoio durante a ocorrência.
A mãe da jovem esteve no local e ficou em estado de choque. Ela e a filha foram levadas para o Hospital Municipal “Vereador Antonio Navarro”. Questiona sobre o estado de saúde de ambas, a Prefeitura de Paulínia não retornou até o fechamento desta edição.
A escola onde a adolescente estuda também não quis se manifestar.