
Nunca mais veremos, neste plano, o autor da frase que abre a manchete desta matéria: Walther José De Faé, o Poeta Loiro de Americana, que faleceu nesta terça-feira (15), deixando família, amigos e leitores de coração partido.
Morre o homem, mas fica o legado, em forma de extensa e multifacetada obra, que transitou por gêneros como romance, poesia, novela, literatura infantil, conto e ensaio.
Nascido em Corumbataí (SP), filho de Virgínia Mietto Faé e Ângelo Faé, Walther foi colaborador da Rede TODODIA e de várias outras publicações do país.
Walther José De Faé contribuiu de forma significativa para a formação cultural do município.
Recebeu quatro prêmios literários da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo e um prêmio da Associação Riograndense de Imprensa, em Porto Alegre (RS), entre vários outros.
É sócio honorário do Espaço Literário “Nelly Rocha Galassi”. Poeta, cronista, contista, crítico literário e editor, considera-se, principalmente, um ensaísta.
“Amanhecemos com uma notícia muito dolorosa, que nos deixa com o coração partido. Este, que outrora tecia poemas que aqueciam e alegravam nossos peitos, hoje, renovado, bate asas, buscando novos ramos. Nos deixa em prantos, mesmo sabendo que, agora, repousa nos braços do Senhor”, lamenta a esposa, Juliana.
Além da esposa, o poeta deixa dois filhos.
A TV TODODIA lamenta profundamente a imensa perda e deseja força aos familiares e amigos do poeta neste momento de dor.
O velório será nesta quarta-feira (16), no Cemitério da Saudade, das 7h às 10h30.
OBRAS DE DESTAQUE
“Quisera me volatilizar
Me diluir dentro de mim mesmo
A procura do meu “eu”.
Ser livre.
Sair da elevada chaminé do pensamento
Que me sufoca e domina.”
(De Joelhos, 1957).
“TUDO partilho de mim para os que quiserem, porque, confesso, eu sinto e sou: sino e som, eco e resposta, espelho e espátula, muro e musgo, choro e chibata, paz e inquietação, sonho e realidade, pluma e plural, chaga e chama, vida e visão!
Meu prazer é partilhar!”
(O Prazer de Partilhar, 1996).
“Velho/criança
eu permaneço
a orar:
meu berço
é a trama
& a minha
Igreja/Tear
(Prosa & Poesia do Meu Tear, 2000)
“Quanta gente sonha em publicar um livro, vendo e lendo as crônicas, os poemas, os relatos que o jornal publica, nas colunas próprias. É uma doce ilusão! E todos temos o direito de sonhar, de ambicionar ver nossas Koisas, em prosa ou verso, na vitrine das livrarias, a vaidade centuplicada, os aplausos ou a indiferença de tantos que não lêem, não sabem, nem se esforçam para o entendimento.
Sempre incentivei – e continuarei a fazê-lo – aqueles que se esmeram, estudam, buscam nos autores consagrados os caminhos da perfeição formal, melhorando o estilo. Quem lê, vê mais longe e vê melhor!”
(É Mais Feliz Quem Ama, 2002).
“Como a árvore da serra
a contemplar o infinito
nas folhas a balançar
ao sopro da viração,
— assim a alma na terra
cumprindo o caminho escrito
prossegue no seu buscar
no rumo da evolução!”
(Além do Pó, 1992).
Professor Faé, sentimos muito a sua falta… mas buscamos forças no Senhor, pois, embora distante fisicamente, sempre estará conosco em espírito e em nossas memórias.
Oração do Professor
Walther José De Faé
Que eu seja bom e de paciência tanta,
Capaz de os pequeninos entender;
Que a tua luz, Senhor, paterna e santa,
Me aponte o bom caminho a percorrer;
Que a minha voz não morra na garganta
Se a sombra do fracasso me acolher;
Que eu lute mais (quem luta se agiganta!)
— Sabendo-te ao meu lado – hei de vencer!
Mas se vires, Senhor, que degenero
Ofício imaculado em que lidaste
Espalhando os eflúvios do saber,
Que eu fique triste e só, assim o quero,
Aprendendo as lições que eternizaste
Para depois, Senhor, te merecer.