Nos últimos anos, os municípios da área de cobertura da TV TODODIA têm registrado um crescimento acelerado no ritmo do aumento populacional e da urbanização. O fenômeno reflete uma mudança significativa nas dinâmicas urbanas e rurais dos municípios, com a população rural cada vez mais reduzida e um aumento expressivo na construção de novos imóveis, principalmente nas áreas urbanas. No entanto, reconhecer esse crescimento desenfreado da urbanização exige das gestões públicas uma reflexão ampla sobre esse processo e sobre como ele impacta a população de maneira desigual.
Analisar as estratégias adotadas pelas administrações municipais se torna fundamental para compreender este aumento, especialmente em relação ao planejamento e à aprovação de novos empreendimentos imobiliários, que muitas vezes representam o principal vetor desse crescimento.
Entre 2023 e 2025, a Prefeitura de Americana aprovou diversos empreendimentos imobiliários. Em 2023, foram aprovados um loteamento e 24 condomínios, sendo eles: 10 condomínios residenciais, um condomínio residencial e comercial, quatro condomínios residenciais horizontais, oito condomínios residenciais verticais e um condomínio residencial vertical com unificação de lotes.
Já em 2024, foram aprovados um loteamento e 12 condomínios, incluindo um condomínio de lotes por regularização fundiária (Reurb), um condomínio residencial, cinco condomínios residenciais horizontais, quatro condomínios residenciais verticais e um condomínio residencial vertical com unificação de lotes.
Em 2025, até a última sexta-feira (11), foi aprovado um condomínio residencial horizontal.
Em Santa Bárbara, a Prefeitura informou que, entre 2023 e 2025, foram aprovados cinco empreendimentos de loteamentos (residenciais ou mistos), sendo eles: Residencial Cachoeira, Manacás II, Residencial Bologna, Terra Santa e Pântano III.
Profissionais da área de urbanização indicam que, ao compreender o padrão de crescimento das cidades, é possível implementar políticas urbanas mais eficientes, que otimizem a ocupação do território e garantam o acesso à terra, aos serviços públicos e à moradia, ao mesmo tempo em que minimizem os impactos ambientais e climáticos.
“Quando uma pessoa decide sair de um lugar e ir para outro, a primeira coisa que ela vai procurar é uma casa. E a primeira pressão que a cidade sente é a procura por moradia. Seja ela comprada ou alugada, essa necessidade surge porque as cidades precisam encontrar formas, dentro das possibilidades das políticas públicas, sejam elas federais, estaduais ou municipais, de suprir essa demanda. Em paralelo à moradia, surgem outras demandas, como educação, saúde, lazer, entre outras, conforme previsto na Constituição Brasileira.” afirmam Bruna Wiezel e Felipe Oliveira, membros do Coletivo Urbanistas, juntamente com o Samuel Damaceno.
Um exemplo de fomento à urbanização por parte da gestão pública ocorreu nesta segunda-feira (11), quando a Prefeitura de Americana lançou o projeto “Novo Centro”, que propõe mudanças no Plano Diretor de Desenvolvimento Físico-Urbanístico (PDFU). A proposta visa atrair novos empreendimentos residenciais, aumentar o número de moradores na área central e impulsionar o comércio local. Para ser implementado, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara Municipal de Americana. Caso aprovado, dará início a um programa de incentivo à construção civil no centro da cidade.
Com a expansão da zona urbana nas regiões metropolitanas, onde a urbanização é predominante, a área rural vem se tornando cada vez mais reduzida. No entanto, em regiões do interior com raízes fortemente ligadas ao agronegócio, negligenciar essa parcela da população pode trazer impactos significativos para o cotidiano das cidades.
“O nosso agronegócio hoje é voltado para exportação. E o que comemos no dia a dia, quem produz é a agricultura familiar. São famílias que têm suas chácaras e sítios, ou que são assentadas e trabalham de forma coletiva, em cooperativas, produzindo o alimento que abastece a cidade. Se o campo não planta, a cidade não se alimenta. Se essas pessoas estão deixando a zona rural por falta de investimento, infraestrutura ou incentivo para continuarem produzindo, todos perdem. Perde-se a cultura do rural, da produção de alimentos orgânicos e mais saudáveis e perdemos nós também, com uma cidade mais espraiada e desorganizada.”, afirma o Coletivo Urbanistas.

Confira na íntegra os dados disponibilizados pela fundação Seade
O município de Americana, por exemplo, tinha em 2010 uma população de 210.387 habitantes, dos quais 99,5% residiam em áreas urbanas. Em 2022, a população aumentou para 237.240 habitantes, com 99,8% vivendo em áreas urbanas, enquanto a população rural despencou para apenas 0,2%.
Limeira, por sua vez, registrava 275.786 habitantes em 2010, com 97% vivendo na cidade. Em 2022, a cidade cresceu para 291.869 habitantes, mantendo a proporção de 97% de pessoas vivendo em áreas urbanas, com um pequeno aumento na população rural.
Nova Odessa também segue o padrão de crescimento urbano. Em 2010, o município tinha 51.158 habitantes, dos quais 98,4% moravam em áreas urbanas. Em 2022, a população aumentou para 62.019 habitantes, e 99,2% deles estavam nas áreas urbanas, com uma significativa queda na população rural.
Paulínia é um dos casos mais evidentes de urbanização extrema. Em 2010, a cidade tinha 81.825 habitantes, sendo 99,99% deles moradores urbanos. Em 2022, o número saltou para 110.537 habitantes, com 99% da população residindo na zona urbana, e apenas 1% vivendo em áreas rurais.
Piracicaba também mostra uma tendência semelhante, com a população rural se mantendo estável. Em 2010, 97,9% da população vivia em áreas urbanas, um índice que se manteve em 2022, com a população rural apresentando um leve aumento, mas sem grandes mudanças em relação à proporção.
Em Santa Bárbara d’Oeste, a cidade tinha 179.924 habitantes em 2010, com 99,2% vivendo em áreas urbanas. Em 2022, a população cresceu para 183.347 habitantes, mantendo 99,4% na cidade e uma pequena redução na população rural.
Sumaré é outro exemplo de crescimento urbano significativo. Em 2010, a cidade tinha 240.901 habitantes, com 98,8% vivendo em áreas urbanas. Em 2022, a cidade teve um aumento populacional para 279.545 habitantes, e a porcentagem de pessoas vivendo em áreas urbanas subiu para 99,6%.