A CPFL Renováveis deve protocolar na Cetesb (Companhia de Tecnologia em Saneamento Ambiental) um plano emergencial com medidas para controle das macrófitas (aguapés) que infestam a Represa de Salto Grande, em Americana. A proposta da companhia é otimizar o escoamento dos aguapés pela comporta de superfície da barragem ao longo do rio.
A informação foi dada ontem pelo superintendente de Sustentabilidade da CPFL, Fernando di Franco, durante encontro sobre o assunto na sede do Barco Escola, que reuniu o promotor do Gaema (Grupo de Atuação e Defesa do Meio Ambiente), Ivan Carneiro Castanheiro, além do secretário de Meio Ambiente de Americana, Odair Dias, representantes da Cetesb, do Condema (Conselho de Meio Ambiente), do DAE (Departamento de Água e Esgoto), vereadores e moradores da Praia Azul e dos Namorados. A reunião foi pedida pelo deputado estadual Chico Sardelli (PV).
A CPFL Renováveis tinha anunciado, semana passada, que iniciará a retirada dos aguapés por meio da abertura da comporta de superfície na represa, mas não tinha detalhado como seria a operação. A concessionária tem sido pressionada pelo Poder Público devido à interrupção da retirada dos aguapés. Ontem, o superintendente da CPFL descartou risco.
“Apresentaremos um estudo técnico mostrando que essa operação não compromete e não traz nenhum impacto hídrico ao Rio Piracicaba. Vamos utilizar da força hidráulica, a fluidez natural da água, que hoje passa pela comporta de superfície, de forma gradativa, para não prejudicar o abastecimento da cidade. Não haverá abertura de comporta da barragem para esse fim específico. Esse é um trabalho que pode ser tão eficiente quanto a remoção mecânica, que fizemos até o ano passado”, explicou Franco.
Se a proposta for aprovada pela Cetesb, ele disse que a ação pode ser iniciada em outubro. Hoje o reservatório está de 30% a 40% tomado pelas macrófitas.
O promotor Ivan Castanheiro destacou que o Ministério Público não tem poder de deliberar sobre a técnica para escoamento das plantas, mas acompanha o processo e pode fazer uma recomendação administrativa ou mesmo embargar a ação, caso possa gerar danos ambientais. “Tenho grande preocupação com essa liberação a jusante (direção que corre a água), pelo risco de comprometimento da qualidade da água, de abastecimento e vida aquática. Se o risco dessa ação for maior que os benefícios, evidentemente que vou tentar impugnar”, disse.
O deputado Chico Sardelli lamentou que a situação venha se agravando. “Que o Ministério Público possa ajudar a resolver a questão do esgoto liberado pelas cidades a montante na represa e a Cetesb esteja solícita a nos atender emergencialmente, até que não tenhamos a solução definitiva. Estamos tratando do efeito e não a causa da poluição, mas não podemos pagar o preço da não cooperação dos outros municípios”, completou.
Para o secretário de Meio Ambiente, Odair Dias, a reunião foi o maior e melhor passo até o momento. “A reunião foi muito produtiva. Foram feitas várias deliberações e tivemos a ponderação dos representantes da comunidade. Vamos aguardar o plano emergencial”, disse.