terça-feira, 16 abril 2024

Setembro amarelo: mobilização pela vida

Campanha de prevenção do suicídio ganha força; municípios da região também promovem ações de orientação 

O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.(Divulgação)

Em setembro de 1994, nos Estados Unidos, o jovem Mike Emme, de 17 anos, cometeu suicídio. Ele tinha um Mustang 68 amarelo e, no dia do seu velório, seus pais e amigos decidiram distribuir cartões amarrados em fitas amarelas com frases de apoio para pessoas que pudessem estar enfrentando problemas emocionais. Essa é a história creditada à origem da campanha Setembro Amarelo, criada no Brasil em 2015 pelo CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). Desde 2003, no dia 10 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
A estimativa da OPAS (Organização Panamericana de Saúde), órgão vinculado à OMS (Organização Mundial de Saúde), é de que 800 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos. O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Para cada ato consumado, há muito mais pessoas que tentam o suicídio a cada ano: a tentativa prévia é um dos fatores de risco mais importantes para o suicídio na população em geral, juntamente com os transtornos mentais.
Embora um estado de depressão possa levar ao pensamento suicida, isso não é uma regra, como esclarece a psicóloga Tatiana Sloczevski, doutora em Psicologia pela PUC-Campinas, docente em carreira de extensão na universidade e responsável pelo Projeto Girassóis, voltado ao trabalho com comunidades na prevenção do comportamento suicida e das violências. “Comportamento suicida é complexo e determinado por muitos fatores. Envolve diferentes relações da pessoa, desde a ideia de morte, ao planejamento, tentativa e ato. E ela não necessariamente passa por todas essas etapas, pode também ser um ato impulsivo.”
ESTIMATIVA
Ela explica que a estimativa é de que cerca de 10% das pessoas com depressão apresentem ideal suicida, mas nem todos que se matam possuem um transtorno mental. Portanto, outros transtornos e fatores podem estar presentes. Mas a chamada dor psíquica é um dos mais importantes alertas. “A pessoa que está em sofrimento pode ter uma mudança súbita no comportamento que chame atenção daquelas ao redor. É importante prestar atenção à presença de falas que indiquem inclinação para desistir da vida, achar que a vida não vale a pena, ou padrões de ‘tudo ou nada'”, afirmou.
OS QUATRO Ds
A psicóloga cita o psiquiatra Dr. Neury José Botega, que atenta à observação de quatro “D’s”: desamparo, desespero, desesperança e depressão, em elementos presentes na vida de quem está sob dor psíquica.
Os fatores de listados podem ser descritos como predisponente (comportamentos e condições que podem predispor ao ato), e precipitantes (que são como a gota d’água numa situação que vinha se intensificando). Elementos de desenvolvimento como eventuais dificuldades na infância ou adolescência, abusos e agressões podem indicar um caminho prévio e servir como alerta na mudança de comportamentos.

Contudo, o intuito do suicídio também pode ser mascarado. “Conseguimos prevenir, mas não prever. Há quem esconda essa condição das pessoas ao redor para evitar que percebam e detenham a tentativa. Isso nem sempre é conscientemente proposital, mas porque a pessoa está sofrendo. A tendência suicida pode acontecer também a quem está com uma vida aparentemente boa aos olhos dos demais. Pode-se disfarçar e esconder”. 

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