Um grupo de empresários do setor de bares e restaurantes se reuniu na manhã de ontem com o prefeito de Americana, Chico Sardelli (PV), para pedir apoio diante das restrições impostas pelo Plano São Paulo, válidas desde ontem.
Ao TODODIA, proprietários de estabelecimentos falaram sobre a queda de faturamento que terão e disseram temer que, com bares e restaurantes fechados, haja uma crescente nas festas clandestinas e aglomerações em chácaras.
Desde ontem, todo o Estado está em fase vermelha (quando só funcionam serviços essenciais) das 20h às 6h nos dias úteis e aos finais de semana. Das 6h às 20h, na região de Campinas, perdura a fase laranja, em que bares não podem abrir e restaurantes podem atender presencialmente apenas até as 20h.
De acordo com um dos representantes do grupo, o empresário Paulo Oliveira, dono de um estabelecimento localizado na Avenida Brasil, o objetivo da reunião com Chico foi buscar um posicionamento do executivo sobre o cenário atual.
“Vemos a nível de Brasil, prefeituras tomando decisões regionalizadas, tem exemplo de Santos e Guarujá, cidades que tomaram decisão e fizeram o que acharam melhor, porque sabem o impacto econômico.
O prefeito foi muito solícito e claro, disse que vai seguir as regras impostas, mas salientou que se sensibiliza e entende nossa situação”, relatou Oliveira. Nas redes sociais, Chico escreveu que é contra o fechamento das atividades, mas que tem que cumprir o decreto. Em nota da assessoria, o prefeito diz: “Temos a saúde como prioridade, e neste momento precisamos seguir as regras. No entanto não deixo de estar sensível aos apontamentos feitos pelos comerciantes nesse momento”.
REFLEXOS
Oliveira afirmou que os bares e restaurantes sérios têm adotado os protocolos de higiene e distanciamento, mas estão, agora, sendo os maiores prejudicados.
“Hoje estamos trabalhando com medo de ser fechado, a gente é gerador de empregos, não é culpado pelo ponto que chegou a pandemia. Com isso, estão incentivando festas clandestinas, porque se fecha o bar, as pessoas vão pra festas”, disse.
Sócio de dois bares da cidade, o empresário Guga Nardini também apontou que não vê os bares e restaurantes como culpados. “Mercados, padarias, metrôs, transporte, rodoviária… em todos os lugares as pessoas se contaminam. Se a galera não pode sair e ir aos bares e restaurantes, vai na casa de amigos, festas, e às vezes ficam mais aglomerados do que ficariam no bar, onde tem regras”, afirmou. Ele citou também o setor de eventos, que há um ano está parado e sem previsão de retorno.
A chef e empresária Fádia Cheaito, dona de um restaurante, disse que as medidas do governo punem apenas esse setor e deixa outros sem restrições. “Uma falha da medida é não ter proibido turistas nas praias, a gente vê praias lotadas, pessoas se aglomerando, e a gente proibido de trabalhar. Só proibir nossa atividade não vai ser suficiente, sobrou pra um lado só, sendo que existem outros lados que estão em atividade e sem proibição”, disse.
Os empresários destacaram que são a favor de medidas de distanciamento e higiene, mas não aprovam a limitação de horário, sobretudo porque é após as 20h e aos finais de semana que costumam ter maior faturamento.
“Às 20h é hora que o pessoal está chegando. Desse jeito, é até inviável sequer abrir as portas. Tem estabelecimento que vai fechar, isso vai gerar mais desemprego e incentivar a informalidade”, concluiu Oliveira.
O TODODIA questionou o Estado sobre a possibilidade de revisão do funcionamento dos bares e restaurantes, bem como sobre estudos que apontem que a contaminação é maior nesse tipo de estabelecimentos, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.