Apesar das recentes declarações do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sobre a situação dos prédios abandonados do Parque Olaria, em Santa Bárbara d’Oeste, o impasse envolvendo a construção, permanece sem desfecho simples. Durante a entrega de 186 apartamentos no Residencial Araçari, no Conjunto Habitacional Roberto Romano, na última sexta-feira (30), o governador confirmou o interesse do Estado na retomada das obras paralisadas há mais de três décadas.
Segundo o governador, há a intenção do Governo Estadual assumir a obra do condomínio inacabado, com a possibilidade de transformar o espaço em um condomínio de moradias populares. No entanto, apesar das declarações terem gerado expectativa positiva entre a população, não há, até o momento, qualquer confirmação de que o projeto sairá do papel.
O que para muitos era o sonho da casa própria, há mais de 30 anos se tornou um pesadelo. Esse é o caso de Cláudio Cavalcante, morador do Parque Olaria, que comprou um apartamento no lançamento do empreendimento e que até hoje segue sem respostas sobre o futuro da aquisição, que já gerou gastos de aproximadamente R$ 250 mil.
“Em 1989, nós adquirimos o apartamento para morar. Só que, infelizmente, a construtora Formagio não cumpriu com seus compromissos. Nós pagamos, no início, 40 prestações de dois salários mínimos por mês, e a empresa não assumiu o compromisso dela. As obras estão paralisadas e abandonadas. Eu gostaria que terminassem e dessem um fundamento para as obras, porque está tudo abandonado; há muitos escorpiões, bichos e invasores. Isso deixa a situação muito ruim para o bairro”, afirma.

Questionada pela reportagem da TV TODODIA, a Prefeitura de Santa Bárbara informou que,não há informações adicionais sobre o assunto, apenas a declaração do governador. “Por enquanto, a informação é aquela dada no evento”, diz a nota.
Já a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), por meio de nota, informou que “o Governo de São Paulo analisa a situação jurídica do conjunto, que teve a construção iniciada há décadas pela iniciativa privada. Havendo a possibilidade legal de atuação do Estado, será feita uma análise técnica pela CDHU sobre a construção para, caso for viável, encaminhar uma parceria com o município para retomada das obras.”
Já a equipe de comunicação do governador Tarcísio de Freitas, que também foi procurada pela reportagem da TV TODODIA, não respondeu até o fechamento desta matéria.
IMPASSE DE TRÊS DÉCADAS
O conjunto residencial do Parque Olaria começou a ser construído em 1989. O projeto inicial previa 396 apartamentos de 64 m², divididos em 43 blocos, com previsão de entrega em até 40 meses. Entretanto, em 1993, a construtora responsável, Formagio, decretou falência, paralisando as obras desde então.

O terreno pertence à empresa Lino Empreendimentos Imobiliários Ltda., que ingressou na Justiça contra a construtora. Em 2018, o ex-prefeito Denis Andia declarou a área como de utilidade pública, com objetivo de promover políticas habitacionais.
Nos últimos anos, os prédios se tornaram motivo de preocupação para os moradores da região. Em novembro de 2023, o vereador Joi Fornasari (Democracia Cristã) apresentou requerimento na Câmara Municipal solicitando informações sobre os imóveis, após receber relatos sobre a ocupação irregular dos prédios, acúmulo de lixo e presença de usuários de drogas, o que estaria gerando insegurança e desconforto para a vizinhança.
A discussão sobre o tema voltou à pauta do Legislativo nesta terça-feira (3), quando o vereador Carlos Fontes (União Brasil) apresentou novo requerimento solicitando informações ao prefeito Rafael Piovezan e ao secretário de Governo do Estado sobre o andamento do compromisso recém-anunciado pelo governador Tarcísio de Freitas.