Um terminal de carga e descarga na Avenida São Judas Tadeu, no bairro de mesmo nome, em Sumaré, tem causado transtornos à população local. O terminal da CNAGA, empresa parceira da Rumo Logística, responsável pela linha férrea na cidade, tem constante fluxo de caminhões. Moradores reclamam da poeira e do estado do asfalto.
A situação já ocorre há sete anos, segundo os moradores, mas piorou há cerca de um mês. Terça-feira (8), na sessão da Câmara, o presidente Willian Souza (PT) fez moção de apelo à Rumo Logística para que tome providências ou que compareça ao Legislativo para conversar com moradores do São Judas para tentar chegar a um acordo.
“É um transtorno enorme para os moradores, estão vendendo casas, tem restaurante que não sobrevive, por conta da poeira, sujeira causada pelos caminhões da empresa que passam pelo bairro”, aponta. O presidente da Casa alertou sobre o novo contrato de concessão da malha paulista com a Rumo.
“Temos que ficar de olho no novo contrato, pode causar grandes transtornos como este. É necessário acompanhar passo a passo”, alertou. A Rumo vai ampliar e duplicar trechos da linha férrea, entre eles, em Sumaré.
“É bem-vinda a ampliação e geração de emprego e renda, arrecadação de imposto, mas é necessário bom senso e respeito aos moradores do São Judas”, afirmou o vereador.
Willian relatou que os moradores querem marcar audiência com a empresa, mas ela não se pronuncia. “Peço que parem de burocratizar e venham urgente conversar. O diálogo ainda é a melhor saída para qualquer conflito. Faço este apelo”, disse.
Os moradores fizeram um documento relatando problemas por conta do fluxo intenso de caminhões e carretas da empresa que usam o terminal. “O pior é a poeira gerada, que pode ocasionar problemas de saúde. A Secretaria de Mobilidade Urbana e de Saúde esteve no local no fim de novembro para fiscalizar e constatou a veracidade dos fatos”, afirmou Willian.
De acordo com o petista, em 25 de novembro foi emitida pela prefeitura uma notificação para que a Rumo tome medidas e promova a pavimentação asfáltica, que está prejudicada pelo movimento dos veículos pesados.
‘É uma calamidade’
Juliano Nogueira, 39, membro da comissão de moradores do bairro, relata que este problema sempre existiu, mas que se agravou a partir de 2013, com a chegada de outra empresa, também com trabalhos para a Rumo, aumentando o fluxo de veículos pesados. “A gente calcula que 90% das casas da avenida são afetadas, os comércios, é uma calamidade”, disse.
Ele também reclama da falta de diálogo com a Rumo. “Com aquele povo lá não tem diálogo. Morador não consegue falar. Estamos lutando com a ajuda do Willian. Nossa vontade é que eles asfaltem o pátio deles e esta via sem asfalto deles. Ou mudem a portaria para outra que eles têm, na estrada da PPG. Esse é o nosso pedido”, explica.
Coordenador da Igreja São Judas Tadeu há quatro anos, Ivanil Rodrigues dos Santos, 41, relata as dificuldades. “Com o aumento dos caminhões o asfalto não aguenta em volta da igreja. Abre um buraco, passam as carretas pesadas, vai trepidando tudo. Fora o poeirão que a gente não vence, não consegue limpar o salão. Fica feia a situação”, contou.
Para Ivanildo, o bairro todo e a Avenida São Judas Tadeu toda é prejudicada, mas a igreja sofre muito. “Realmente a situação ali é bem crítica. Vamos torcer para conseguir alguma posição deles. Ou eles asfaltam, ou mudam a saída dos caminhões para outro lugar, que é o que a gente está tentando convencê-los também”, conta. | PH
O QUE DIZ A RUMO
“A empresa esclarece que não é de sua responsabilidade a pavimentação da via pública no entorno do terminal que opera no bairro São Judas Tadeu. Com relação ao encontro na Câmara de Sumaré em novembro, a notificação encaminhada pela prefeitura não informava qual seria o tema abordado. Em respeito a seus compromissos sociais com a comunidade, a empresa solicitou informações adicionais e, até o presente momento, não recebeu nenhum retorno”, diz a nota da Rumo. A prefeitura foi questionada sobre o assunto, mas não respondeu.