terça-feira, 13 maio 2025

Trabalhadores esperam há 10 anos

Um grupo de cerca de 350 ex-funcionários da empresa Electrocast, de Nova Odessa, planejam para este mês uma série de ações para cobrar celeridade no pagamento das rescisões pendentes desde a recuperação judicial, em 2009, e da falência da empresa, em 2013. O grupo questiona a suposta utilização do espaço por outra empresa e aponta que peças estão sendo furtadas. A Electrocast atuava na industrialização de peças fundidas.  A recuperação judicial começou em setembro de 2009, enquanto a falência foi decretada em 13 de setembro de 2013.
Segundo o ex-funcionário, Sandro Buzati, cerca de 350 funcionários cobram na Justiça o pagamento das rescisões trabalhistas, que chegariam a R$ 7 milhões. Um boletim de ocorrência foi registrado no dia 2 de setembro denunciando o furto de peças no local e está em apuração pela Polícia Civil. “Infelizmente estão tirando tudo que tem lá. Há uns cinco anos entraram também. Quebraram vidros e hoje estão depenando as máquinas, roubando equipamentos e deixam a carcaça com a etiquetinha de patrimônio.”
Outra denúncia do grupo seria uma suposta utilização do espaço da massa falida por outra empresa. Os ex-funcionários apontam que galpões teriam sido construídos sem autorização da prefeitura e que a firma não estaria em dia com impostos. Em um requerimento para a prefeitura, o grupo anexou duas imagens do Google Earth, uma de 2013 e outra de 2015, que segundo eles mostraria a presença de novos galpões no local.
Uma audiência pública será realizada na Câmara de Nova Odessa no dia 24, às 18h. Além disso, estão previstas vigílias dos ex-funcionários pela cidade.
Um dos vereadores que acompanham a situação é Vagner Barilon (PSDB). “De repente estaria ficando muito interessante para a empresa se manter lá, já que não paga IPTU. E o medo é que eles (ex-funcionários) acabem ficando esquecidos nesse processo, e o administrador da massa falida continue alugando com a justificativa de ter mais recursos para os credores”, disse.
Segundo a Prefeitura, não há registro de projeto aprovado no local, nem Habite-se. “Já o setor de Rendas possui lançamento de tributos em nome da empresa Oxay Sociedade e Participações Ltda, instalada no mesmo endereço da Electrocast, que não tem efetivado os pagamentos desde 2009. A dívida já se encontra ajuizada”, informou.

 
“Nem Deus sabe dizer”

De acordo com o advogado e administrador da massa falida, Rolff Milani, a dívida total da empresa ultrapassa os R$ 500 milhões. Em relação aos ex-funcionários, apenas 78 teriam habilitado os créditos a receber judicialmente. Ele calcula que a dívida trabalhista está em R$ 3.521.575,28.
“Não significa que seja toda a dívida, porque podem ter funcionários que não habilitaram crédito até agora. (…) É um processo complexo, a empresa tinha sérios problemas de dívidas e tem centenas de processos envolvidos. Existiram desvios de bens que remontam a muitos anos anteriores à falência. Não sabemos o que vai acontecer, qual será a solução final disso. (…) É difícil, acho que nem Deus saberia dizer (quando os funcionários serão pagos)”, afirmou Milani.
Em relação às denúncias de furto, o advogado afirma que desconhece a informação e que casos do gênero já foram relatados outras vezes, apurados, e que “não tinham nenhuma motivação fática verdadeira”.
Já sobre o terreno, Milani afirma que o espaço da Electrocast não é utilizado por nenhuma empresa. Entretanto, há uma área ao lado que é alugada desde antes da recuperação judicial, em um contrato que perdura até hoje. Em relação à empresa citada pela Prefeitura, Milani conta que, assim que foi decretada recuperação judicial, em 2009, a Electrocast mudou o nome para Oxay Sociedade e Participações Ltda , que pertencia a filha do antigo dono. A informação do advogado coincide com o ano apontado pelo Executivo como originário da dívida da empresa.

 

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