
Os servidores do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), incluindo os que atuam na região de cobertura da TV TODODIA, iniciaram nesta quarta-feira (14) uma greve por tempo indeterminado. A paralisação tem como foco a recomposição salarial, com base nas perdas inflacionárias acumuladas.
Em carta aberta à usuária dos serviços do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, os servidores alegam que o TJ-SP acumula uma defasagem salarial de 30,24%, referente à falta de correção inflacionária desde 2002. Eles afirmam que não se trata de um pedido de aumento, mas da reposição de perdas históricas.
“Nos últimos 11 anos, tivemos reajustes abaixo da inflação. Isso resultou em uma defasagem de 30%. O tribunal concedeu agora 5%, mas ainda faltam 25%”, afirma Maricler Real, presidente da Associação dos Assistentes Sociais e Psicólogos do TJ-SP. Ela ressalta que a mobilização reúne sua categoria, oficiais de justiça e escreventes.
Um dos pontos criticados pelos servidores é o reajuste de apenas 5% previsto para março de 2025, que será aplicado aos vencimentos iniciais por meio do aumento do percentual da Gratificação Judiciária. Para Maricler, isso não resolve a defasagem. “O tribunal deve aos seus servidores mais de 25%. Isso significa que trabalhamos o ano todo e recebemos por apenas oito meses. Quando vamos ao mercado, ao posto, à farmácia, sentimos essa defasagem”, pontua.

Ela destaca ainda que a luta é por um direito básico. “Todos os trabalhadores têm direito à reposição inflacionária. Não estamos pedindo aumento, e sim correção. A única resposta do tribunal, até agora, tem sido: ‘não temos dinheiro’.”
Os servidores lembram que o Tribunal de Justiça é financiado por duas principais fontes: repasses do Tesouro Estadual, destinados ao pagamento de salários e despesas operacionais, e o Fundo Especial de Despesas, formado por receitas próprias, como taxas judiciais e custas processuais, utilizado para benefícios, infraestrutura e equipamentos.
A presidente da associação afirma que a mobilização tende a crescer: “Começamos pequenos, mas estamos agregando. Até segunda-feira, teremos um número expressivo de servidores paralisados”. Segundo ela, a adesão está condicionada à abertura de diálogo “Só voltaremos ao trabalho quando houver negociação. A força da greve é o que vai levar o tribunal a negociar.”
Ela relembra a última greve da categoria, que durou 127 dias. “Não perdeu força com o tempo, pelo contrário. Cresceu até alcançarmos uma negociação. Estamos com fôlego para isso novamente”, afirma.
Entre as orientações da mobilização, os servidores que trabalham presencialmente devem se concentrar em frente aos fóruns, enquanto os que atuam em regime remoto não devem acessar o sistema de trabalho.
O Tribunal de Justiça, procurado pela equipe de reportagem da TV TODODIA afirmou que “Por ora, é prematuro constatar impacto em eventual paralisação de servidores.“