sexta-feira, 22 novembro 2024

Tristeza e comoção no adeus a ‘Pinguim’

Comoção, tristeza, muitas homenagens e boas recordações marcam o velório do empresário barbarense Casemiro Alves da Silva, o “Pinguim”, 91 anos, no salão social do União Barbarense, em Santa Bárbara d’Oeste. O empresário morreu anteontem de embolia pulmonar no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado.

Desde a tarde de hoje (12), quando iniciou o velório, familiares, amigos, parentes e admiradores prestam a última homenagem a esse barbarense que construiu uma história de luta e de sucesso. O sepultamento está marcado para esta quinta-feira, às 15h, no Cemitério Campo da Ressurreição, em Santa Bárbara.

Pinguim foi presidente do União Barbarense entre os anos de 1967 e 1971, época em que o clube conquistou o primeiro de seus três títulos em competições profissionais. Casemiro era proprietário do Centro Comercial Pinguim, prédio de três andares com 32 espaços para lojas, escritórios e consultórios, construído no centro de Santa Bárbara. Viúvo de Maria de Lourdes Alves da Silva, a “Dona Nena”, falecida em 2008, ele deixa os filhos Neusa e Valmir, quatro netos e nove bisnetos.

PRÁTICA DO BEM

O casal nunca se esqueceu de sua origem pobre e humilde. Ambos sempre deram muito valor às pessoas, à família e aos amigos. Pinguim e Nena sempre ajudaram entidades da cidade e região. “Foi uma pessoa feliz, viveu intensamente, aproveitou bem a vida, viajou bastante e só tem amigos e admiradores que hoje prestam sua última homenagem a essa pessoa muito querida por todos”, afirmou a filha Neusa Silva.

“Nos anos 80, quando eu era jovem tenente, recém-chegado a Americana, passei numa madrugada de inverno na antiga Cadeia Pública, na Avenida Brasil, para fiscalizar os serviços de guarda. Fiquei chocado com um gemido coletivo de presos nas celas, que estavam tremendo de frio porque o Estado não mandava cobertores. Fiquei com o coração partido e não iria terminar meu turno de serviço sem fazer algo. Naquela situação crítica, me recomendaram procurar o Pinguim, que não conhecia, e foi o que fiz. Nunca na minha vida vi tantas lojas abrirem de madrugada e esgotar seus estoques de cobertores. Atendeu de pronto, com altruísmo e benemérito que era. Amava praticar o bem e ajudar as pessoas. Nunca me esquecerei disso”, revelou o major aposentado da Polícia Militar, Luiz Antonio Crivelari.

LUTO OFICIAL

O prefeito Denis Andia (PV) decretou luto oficial de três dias. “O seo Casemiro foi uma pessoa muito ligada à história de Santa Bárbara, em especial à frente do União Barbarense no momento de sua profissionalização, o que permitiu a projeção do clube e da cidade nas décadas que se seguiram. Também foi alguém com grande espírito de colaboração com as entidades do município”, disse Andia.

O prefeito de Americana, Omar Najar (MDB), também esteve no velório ontem à tarde. “Tive uma amizade muito boa com o Pinguim, era uma pessoa muito séria, sempre que encontrava batia um papo. Sei do trabalho que realizava, sempre ajudando os menos favorecidos. Vai fazer muita falta”, comentou.

 Trajetória de sucesso ao lado de dona Nena

Pinguim nasceu em um sítio no bairro Alambari, Zona Rural de Santa Bárbara. No dia em que completou 18 anos, veio para a cidade com uma malinha de roupas e objetos pessoais. Foi morar na casa da família do amigo Salvador (“Vadô”) de Oliveira, que o acolheu com carinho. Começou a trabalhar nas Indústrias Romi. Depois, trabalhou na Usina Santa Bárbara. Aos 23 anos, casou-se com “dona Nena”, ela com 19.

Em seguida, montou um bar na própria usina e promovia bailes nos finais de semana, onde conseguia ganhar um “dinheirinho”, como ele mesmo contava. Depois, tomou conta do bar do Esporte Clube Barbarense. Nessa época, já tinha a primeira filha, Neusa, que nasceu em 1952. Dona Nena trabalhava muito, fazia jantares para o Lions e o Rotary Clube.

PADARIAS

Sua investida no ramo de panificação ocorreu quando ficou sabendo que a padaria Santa Bárbara estava à venda. Arrojado, ele a comprou. Sem saber e entender nada de fazer pão, começou em 1956. Eles trabalharam duro! Foram tempos difíceis para conseguir farinha de trigo. Pinguim tinha de ir toda semana a moinhos em São Paulo para trazer a quantia necessária. Naquele tempo ainda se entregava pão com carroça e cavalo. Pinguim também fez isso.

Mas conseguiu estabelecer sua padaria e a transformou na melhor da cidade. Em 1957, veio o segundo filho, Valmir, quando eles moravam no mesmo prédio do estabelecimento comercial. Com o passar do tempo e muito trabalho, conseguiram construir mais uma padaria em meados dos anos 70, a Panificadora Americana, na Avenida Campos Salles, em Americana. Depois, vieram a Padaria São Pedro, na Rua Dom Pedro II, a da Vila Jones e da Vila Frezarin, e chegaram a tocar cinco padarias.

Pinguim e Nena foram comprando imóveis ao redor da Padaria Santa Bárbara até construir o Centro Comercial Pinguim, um prédio de três andares, com 32 espaços para lojas, escritórios e consultórios, um “mini shopping” no centro da cidade. Foram crescendo no comércio e sempre trabalhando muito.

De muita visão empresarial, sempre conseguia comprar mais imóveis e fazer bons negócios. Essa dupla foi interrompida com a morte da companheira inestimável e sem igual, em 2008. Pinguim e Nena formaram uma dupla perfeita na vida e nos negócios.

Com ele, União viveu dias de glória

Com Pinguim na presidência do União Barbarense, o alvinegro viveu dias de glória, considerados os “anos dourados” do clube.O aposentado José Laerte Honório, conhecido “Zé 21”, considerado o maior artilheiro do União, com 78 gols, integrava o elenco que conquistou o título em 1967, e lembrou de Casemiro na direção. “A gente tinha uma relação de respeito e amizade, ele era bem dinâmico, tinha uma visão empresarial fantástica, era destemido e não tinha medo, fazia as coisas funcionar”, recorda.

O ex-zagueiro Ademir Gonçalves também participou desse time vencedor de 67, recém promovido das categorias de base do clube. Mais tarde, em 77, sagrou-se campeão paulista pelo Corinthians. “Era muito meu amigo, fiquei muito sentido com sua morte. Ele sempre me convidava para as comemorações do clube, participei da sua festa de aniversário de 90 anos. Acho que o União deve muito a ele”, declarou Ademir.

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