A empresa japonesa Unitika do Brasil Indústria Têxtil anunciou ontem o encerramento de suas atividades no Brasil e demitiu 250 empregados de uma única vez de sua unidade em Americana. Outros 70 trabalhadores continuam empregados, mas somente até o término da produção e dos trâmites administrativos, e também serão demitidos gradativamente até o mês de março de 2019.
Tanto a prefeitura quanto os sindicatos dos trabalhadores e o patronal foram surpreendidos pela notícia ontem.
As informações são do Sindicato Têxtil, que foi procurado ontem pela manhã e se reuniu com a diretoria da Unitika à tarde. Segundo a direção da empresa, o fechamento ocorre em virtude dos “prejuízos constantes terem consumido as esperanças”. Além disso, a dificuldade em investir em novos maquinários para tornar a planta competitiva também levaram à decisão. Em junho de 2016, a japonesa já havia fechado um turno da fábrica, instalada às margens da Via Anhanguera, e demitido 100 trabalhadores.
Apesar de ser ligada ao Sinditec (Sindicato das Indústrias Têxteis de Americana e Região), a empresa não adiantou suas intenções à entidade, nem informou sua capacidade produtiva.
Aproximadamente 70 trabalhadores, tanto da área administrativa quanto da produção, permanecem trabalhando até o concluírem o fechamento da unidade e consumirem o restante de matéria-prima. A data para essas últimas demissões é estimada até março.
O presidente do Sindicato Têxtil, Antonio Martins, foi informado de que as verbas rescisórias serão quitadas dentro do prazo legal e as homologações acontecerão no sindicato.
O convênio médico dos empregados será mantido pela empresa até o final de janeiro.
NOTÍCIA SURPRESA
O fechamento da empresa e a demissão em massa surpreendeu o sindicato e os empregados, pois não havia nenhum rumor sobre esta possibilidade.
“A Unitika está em Americana desde 1966, sendo reconhecida como uma das mais importantes da cadeia têxtil do brasileira”, informou o Sinditec, em nota.
A pensionista Aparecida Venteu, 51, foi uma das trabalhadoras demitidas ontem. Com 24 anos de empresa, ela e os demais funcionários dos turnos das 5h e das 8h foram chamados ao restaurante e, por volta das 9h45, houve a comunicação do encerramento das atividades.
“Foi muito triste, todo mundo chorando, porque muita gente depende do salário para viver, para pagar aluguel, tem filho pequeno”, relatou.
Segundo ela, todos foram surpreendidos com o comunicado feito pela diretoria, que, ainda durante a reunião, entregou os documentos rescisórios de cada um. “De uma hora pra outra eles jogam essa bomba. Foi uma situação muito triste, igual à Toyobo. Espero que seja a última que feche porque é muita gente desempregada”, falou.
O secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico, Guilherme Tiosso, estuda um esquema especial para acolher os ex-funcionários a partir de hoje no PAT (Posto de Atendimento ao Trabalhador). “Quero amanhã (hoje) conversar com o sindicato pra gente direcionar essas pessoas”, declarou.
Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Têxtil e de Confecção do Estado de São Paulo, o deputado estadual Chico Sardelli (PV) defendeu uma política pública mais forte para evitar a migração das indústrias. “Esse é um alerta muito duro para o mercado, para o Estado mas principalmente para Americana porque efetivamente quem perde é nossa região. Como coordenador da frente continuo trabalhando de forma a reduzir esse impacto negativo. Que o próximo governador tenha políticas públicas para que a gente possa, em vez de perder, ganhar empresas. E a Frente Parlamentar pode ajudar, dar sugestões para que o novo governo encare essa questão muito difícil e dura para o Estado”, afirmou.
Presidente do Sinditec, Dilézio Ciamarro fez coro à cobrança. “Esperamos que o próximo governo dê a atenção necessária e devida ao setor, para que empresas como a Unitika, que permaneceu no município por mais de 50 anos, tenham o respeito merecido, afinal, sabemos que manter uma empresa aberta nos dias de hoje em nosso paí, requer muita persistência, e durante estes anos a Unitika se manteve firme. Lamentamos esta decisão, mas compreendemos e demonstramos nosso apoio enquanto empresários e sindicato patronal”, declarou.