O Papilomavírus Humano, mais conhecido como HPV, é atualmente a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. No Brasil, a vacina contra o vírus é oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, desde o ano passado, passou a ser aplicada em dose única para a maioria dos casos.
Facilitou, mas adesão ainda é baixa
A mudança no esquema vacinal tem facilitado a adesão, mas ainda não é suficiente. A cobertura vacinal está abaixo da meta ideal em muitas cidades paulistas.
Só no estado de São Paulo, mais de 480 mil doses da vacina quadrivalente já foram aplicadas apenas em 2025. A meta, no entanto, é ambiciosa: vacinar 95% do público-alvo.
Até o dia 26 de agosto, a cobertura estava em 78,48% entre meninas e 65,75% entre meninos de 9 a 14 anos. “A cobertura vacinal na rotina está sendo feita, mas ainda encontramos alguns atrasos vacinais. No estado de São Paulo, estamos com ações de intensificação para tentar melhorar essa adesão”, explica Carla Brito, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Americana.
Mais de 200 tipos de HPV
Mais de 200 tipos do vírus já foram identificados. Alguns causam verrugas genitais, enquanto outros estão diretamente associados ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como de colo do útero, boca, garganta e ânus.
Com a preocupação crescente, os municípios da região têm adotado estratégias próprias para melhorar os índices de vacinação. Em Santa Bárbara d’Oeste, por exemplo, o foco tem sido a presença nas escolas. “Nós estamos fazendo ações educativas com os adolescentes e pais, explicando a importância da vacina e facilitando o acesso para que ela seja administrada no ambiente escolar”, afirma Raphaela Facion, responsável técnica da Atenção Primária. “Foi feito um levantamento e identificamos cerca de 5.100 doses pendentes”, completa.
Em Nova Odessa, a busca ativa também tem sido reforçada com o apoio das instituições de ensino. “Aqui em Nova Odessa, a gente realiza visitas frequentes às escolas e conversa com os alunos e responsáveis. A nossa cobertura tem melhorado, e a gente conta com a ajuda direta dos professores e diretores”, diz a enfermeira Paula Mestriner.
Busca ativa é essencial
Em Sumaré, todas as unidades básicas de saúde oferecem a vacina contra o HPV. A cidade aposta fortemente na busca ativa para alcançar adolescentes que ainda não receberam a dose. “Todas as unidades de saúde do município estão aptas a aplicar a vacina, e o trabalho tem sido constante para localizar quem ainda não foi vacinado”, explica Karin Botigeli Sevegnani, coordenadora da Central de Imunobiológicos de Sumaré. “O desafio está sendo fazer com que a gente corra atrás dessa população. Em 2024, vacinamos um número significativo de crianças, mas ainda temos muito a fazer.”
Reorganização e dados mais precisos
Já em Hortolândia, uma reorganização na rede de vacinação foi essencial para identificar gargalos e aprimorar estratégias. “Na prática, nós tínhamos uma dificuldade de saber exatamente onde estavam os jovens não vacinados. Com o reforço nos dados, conseguimos entender melhor a situação, e os números também melhoraram por conta disso”, afirma a enfermeira Ana Paula Fernandes”. Fazemos uma busca constante, inclusive em escolas da zona rural, mas sabemos que acaba ficando um pouquinho mais complicado”, acrescenta.
Dose única e eficácia comprovada
Desde 2022, o Brasil adotou o esquema de dose única da vacina contra o HPV, com base em estudos que comprovam sua eficácia, especialmente em faixas etárias mais jovens. “É importante esclarecer que uma dose única já garante proteção adequada. Isso torna mais fácil o acesso, evita perdas no esquema vacinal e assegura que eles estejam protegidos”, reforça Carla Brito, de Americana. “Também é essencial reforçar que essa recomendação vem do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e é respaldada por estudos científicos reconhecidos mundialmente.”
Ação estadual visa adolescentes de 15 a 19 anos
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo informou que a vacina contra o HPV está disponível nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Desde agosto, foi iniciada uma ação de resgate vacinal focada em adolescentes de 15 a 19 anos que não receberam a dose quando mais jovens.
A campanha será dividida em quatro fases, com a meta de vacinar 90% dessa população até o final do ano.
Vacina salva vidas
A vacina contra o HPV é segura, eficaz e gratuita. Sua aplicação em dose única amplia o alcance da imunização e é um passo essencial para prevenir doenças graves.
A imunização é um direito garantido pelo SUS e um dever coletivo de proteção à saúde pública.
