As vendas do varejo mostram uma clara reação com a retomada gradativa das atividades do comércio após a fase mais séria da pandemia, mas os números mostram que o setor ainda está muito longe de uma recuperação completa.
Nos 20 municípios da RMC (Região Metropolitana de Campinas), o comércio registrou desde o começo do ano uma perda acumulada de R$ 4 bilhões, equivalentes a 18,68% de todo o faturamento registrado de janeiro a agosto do ano passado.
De acordo com dados da Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas), divulgados quinta-feira (10), só em agosto as vendas caíram 12,25% em comparação ao mesmo mês do ano passado.
Nas vendas de Dia dos Pais, o dinheiro que entrou em caixa foi 42% menor que na mesma data de 2019.
A boa notícia é que as vendas cresceram 10,35% em relação a julho. Além disso, a inadimplência contabilizada pelos serviços de proteção ao crédito despencou 44,7%. A economia, aos pouquinhos, vai entrando nos eixos, com a retomada gradativa das atividades.
Na avaliação de Marcel Solimeo, economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), a recuperação do varejo é gradual e irregular. Enquanto há segmentos que sequer paralisaram suas atividades, como os supermercados, outros foram fortemente afetados, como os de vestuário e de serviços.
Os dados da Acic divulgados quinta ratificam a projeção do economista. Enquanto as vendas cresceram 17,5% nos supermercados em agosto, o faturamento foi 25,15% menor nas lojas de confecções no mesmo período.
A região também constatou a forte alta das vendas no setor de materiais de construção – 34,6% – ao mesmo tempo em que tiveram quedas drásticas em turismo/transportes (71%) e nos bares e restaurantes (51,2%).
Pelas estimativas de Solimeo, somente em dezembro o comércio vai atingir um índice mensal de vendas equiparável com o que existia no período anterior à pandemia.
A seu ver, grande parte dos consumidores perdeu reunda nos últimos meses – como os profissionais liberais – ou ainda estão inseguros com relação aos seus postos de trabalho. Consumidores de classe média, destaca, ainda estão segurando seus gastos.
Na região, os comerciantes apostam na migração para a Fase Verde do Plano São Paulo, que define as regras para a retomada gradativa das atividades. Com mais tempo de portas abertas, as lojas esperam faturar mais. “O varejo ainda vai sofrer, mas as perdas do mês serão menores que as registradas nas fases anteriores”, afirma Laerte Martins.