Após o TODODIA noticiar, com exclusividade, que a Câmara Municipal de Americana gastou R$ 400 mil com o prédio da antiga sede do Legislativo em quase dois anos, a reportagem procurou os vereadores para questioná-los sobre a falta de fiscalização dos próprios parlamentares em relação a demora da entrega e o quanto foi gasto até hoje.
Dos 17 vereadores da cidade, sem contar o presidente e o ex-presidente, apenas dois estavam presentes na Casa durante a tarde desta quarta-feira (10). Gualter Amado (Republicanos) admitiu que optou por não fiscalizar as obras e o andamento delas. Ele afirmou que deixou de fiscalizar porque considera “ser responsabilidade da mesa diretora” e que “é uma questão de gestão”. Questionado por qual motivo não fiscalizou, o vereador disse porque “não tinha o interesse de fiscalizar a Câmara Municipal naquele momento”.
“Eu tinha interesse de fiscalizar outras obras do Poder Executivo porque eu sei que a Câmara Municipal de Americana vai ter de prestar contas ao Tribunal de Contas e justificar porque ficou um ou dois anos pagando as despesas da nova Câmara e também pagando as despesas da Câmara antiga”. Ele ainda diz que encaminhar um ofício ao presidente do Legislativo, o presidente Thiago Brochi, não adianta.
O TODODIA esteve em frente ao prédio antigo, na Praça Divino Salvador, na sexta-feira (5), segunda-feira (8) e terça-feira (9), mas não viu nenhuma equipe de pintura trabalhando no local. O vereador Lucas Leoncine (PSDB) também foi questionado sobre o motivo de não ir à sede antiga acompanhar se os trabalhos que deveriam estar sendo realizados.
“Quem está cuidando disso é o presidente da Casa. Ele tem a responsabilidade de fazer, entregar e devolver. A gente sabe que poderia ter resolvido isso antes? Talvez, poderia, mas a gente tem preocupação com o dinheiro público ao invés de sair gastando em dois, três meses, um valor para entregar logo. Foi feito um novo trabalho pensando nos custos e no dinheiro público. O trabalho está acontecendo e acredito que dentro do mês de janeiro o prédio deve ser devolvido”, disse.
Leoncine comentou que a empresa precisa cumprir o contrato. “Então, eles têm um contrato. Eu não estou acompanhando e não sei os prazos. Só estou acompanhando o que o presidente (Thiago Brochi) tem informado, mas eles têm um prazo para executar. Se a empresa não está cumprindo, cabe ao presidente punir, cobrar ou até romper com a empresa”, relatou.
Os vereadores além de terem o dever de fiscalizar o Poder Executivo, são responsáveis por fiscalizar o que é realizado dentro do Legislativo também. A Câmara Municipal de Americana funciona no novo prédio desde junho de 2022, na Avenida Monsenhor Bruno Nardini. No entanto, a antiga sede do Poder Legislativo, localizada na Praça Divino Salvador, ainda não foi devolvida ao proprietário e gerou gastos de R$ 405.666,60 aos cofres públicos em um ano e seis meses sem uso.
Segundo dados do Portal da Transparência, durante esse período, a Câmara desembolsou R$ 335.015,11 pagos à empresa Worldwide Segurança Ltda, com quatro vigilantes que trabalham durante o dia e a noite. No novo prédio, por exemplo, quem trabalha no posto de vigilância é um patrulheiro da Gama (Guarda Municipal de Americana).
Ainda foram pagas contas no valor total de R$ 70.651,50, entre IPTU, água e energia elétrica com o prédio da Praça Divino Salvador. Fora isso, ainda existem as reformas feitas no local que foram orçadas em aproximadamente R$ 200 mil, segundo o ex-presidente Câmara Municipal, o vereador Thiago Martins (2021-2022), e o atual chefe da Casa, o vereador Thiago Brochi (2023-2024).
O TODODIA solicitou acesso às informações do contrato, como valores, empresa responsável e datas, através da Lei de Imprensa, mas ainda não foi atendido. Os dois parlamentares afirmam que falta a parte da pintura, mas não admitem falta de responsabilidade com o dinheiro público e atribuem à burocracia o tempo de demora para entregar o prédio antigo.
Martins foi o responsável pela mudança da sede do Legislativo ao prédio na Avenida Monsenhor Bruno Nardini, que também é alugado. Na época, Thiago Martins disse que a mudança resultaria numa economia de R$ 200 mil por ano.