sexta-feira, 5 dezembro 2025
COMPRAS DA LIFE

Zezé Gomes fala pela 1ª vez sobre a Operação ‘Coffee Break’, que levou à prisão do vice-prefeito Cafu Cesar

Prefeito de Hortolândia se disse surpreso com as revelações da Polícia Federal, que investiga desvio de recursos da Educação
Por
Vagner Salustiano
Prefeito hortolandense defendeu lisura da equipe técnica de Compras. Foto: Vagner Salustiano/TV TODODIA

O prefeito Zezé Gomes (Republicanos) falou nesta semana pela primeira vez, com exclusividade à TV TODODIA, sobre a Operação “Coffee Break” da Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF) e Controladoria Geral da União (CGU), deflagrada no último dia 12 de novembro e que apontou possíveis desvios milionários de recursos da Educação através de licitações direcionadas e superfaturadas por prefeituras paulistas junto a uma empresa de Piracicaba, a Life Tecnologia Educacional Ltda.

Em Hortolândia, foram adquiridos R$ 57,9 milhões em kits de robótica da Life nos últimos 5 anos. O contrato estava ativo até o momento da ação policial. A operação levou às prisões preventivas do vice-prefeito Cafu Cesar (do PSB, que era secretário de Governo) e de Fernando Moraes (que era secretário de Educação). Além disso, implicou também o ex-secretário de Habitação, Rogério Mion, além de Carla Ariane Trindade, diretora de Almoxarifado e Patrimônio. Os dois primeiros seguiam presos preventivamente nesta semana. Todos foram exonerados no mesmo dia por Zezé Gomes.

Ação foi surpresa para o prefeito
Segundo Zezé, as revelações da “Coffee Break” foram uma surpresa para ele. “Foi com muita surpresa, até porque a gente tem uma lisura muito grande aqui na questão de compras, licitações principalmente. Temos um cuidado com isso. O que eles falam no processo, que já é do nosso conhecimento agora, é em um possível pagamento de propina. Mas eu penso assim: a Justiça é para isso, a lei é para todos. Eles vão investigar e ver: se realmente há um culpado, que tem de ser punido”, afirmou o prefeito hortolandense.

Ele defendeu a lisura e a capacidade da equipe de Compras da Prefeitura, atribuindo eventuais irregularidades a ações pessoais dos possíveis envolvidos. “Eu acredito que as pessoas que trabalham no meu governo são pessoas de confiança. Eu não tenho o controle de todo o governo na mão, de saber o dia a dia e a cabeça de cada um. Mas todo o trabalho técnico nosso é perfeito, todo o nosso Setor de Compras é profissionalizado, certinho, capacitado. Eu não acredito que tem nenhum problema em licitação. Agora, se há um possível pagamento de propina, isso é a Justiça que vai investigar, e pune-se aquele que for culpado”, acrescentou Zezé.

Zezé Gomes e Cafu Cesar venceram as Eleições Municipais de 2024. Foto: Prefeitura de Hortolândia

Prefeitura já investiga caso internamente
Zezé Gomes confirmou ainda que a Prefeitura já teve acesso aos autos da investigação federal e já abriu uma apuração interna própria. “Já abrimos uma sindicância, para ver o processo licitatório. E com certeza, no desfecho de tudo isso, a gente vai passando para vocês (da imprensa), para vocês saberem e estarem seguindo de perto tudo que está acontecendo”, acrescentou o prefeito.

Por fim, o prefeito Zezé Gomes contou quais orientações passou aos novos secretários e assessores que assumiram as funções daqueles que foram exonerados após a Operação “Coffee Break”. “O que falo para todos – e eu já fiz reunião de secretariado duas vezes, já falei com eles – é o seguinte: a gente trabalha todo dia para dar o nosso melhor para o nosso povo. Cada um tem o seu salário, não precisa ninguém pôr a mão em nada dos outros, ou ser ludibriado para fazer coisa errada. Então, faça o certo. O que nós temos que fazer: ficar atentos, todo mundo se policiar para não cair em armadilha, porque trabalhamos com dinheiro público. Temos que administrar o dinheiro da nossa cidade”, finalizou Zezé Gomes.

Relembre a operação
A ação do dia 12 cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e seis de prisão, expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal de Campinas, em cidades de três estados.

Desse total, 19 foram na região, incluindo em endereços particulares nas cidades de Hortolândia, Piracicaba e Limeira. Também houve buscas e apreensões de documentos nas prefeituras de Hortolândia e Sumaré.

Foram seis mandados de prisão preventiva, dos quais cinco foram cumpridos – incluindo os de Cafu Cesar e de Fernando Moraes. Apenas a prisão do ex-secretário de Educação da Prefeitura de Sumaré, José Aparecido Ribeiro Marin, não teve sucesso. Ele segue sendo considerado foragido da Justiça Federal.

Cafu Cesar foi transferido para Guarulhos
Já o vice-prefeito de Hortolândia foi transferido nesta semana da carceragem da Polícia Federal em Campinas, onde estava desde sua prisão, para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos II. Seu advogado, Ralph Tortima Filho, aguarda o julgamento de um pedido de liberdade de Cafu, que pode acontecer ainda este ano.

Segundo a Polícia Federal, os investigados poderão responder por corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitação, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e organização criminosa, num esquema de superfaturamento e desvios de recursos públicos envolvendo contratos de pelo menos R$ 128 milhões desde 2021.

Não foi detalhada oficialmente pela Polícia Federal, no entanto, qual teria sido a suposta participação de cada nome já divulgado no esquema investigado. Até o momento, ninguém foi indiciado.

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