Uvas (castas viníferas) mais antigas, cultivada há mais de dois mil anos
A pinot noir é uma das uvas (castas viníferas) mais antigas, cultivada há mais de dois mil anos. Sua origem é a região da Borgonha, no leste da França. Há indicações que comprovam seu cultivo nesta região desde o século 4 d.C. A família das pinots (pinot noir, pinot blanc, pinot gris, pinot meunier), que compartilham o mesmo DNA, tem como característica sofrer facilmente mutações, e, geneticamente, se adaptar a novos terroirs. Isso nem sempre é bom para os vinhos, pois o sabor da pinot noir muda incrivelmente, conforme o local onde ela é cultivada.
Poucas castas têm sua imagem e qualidade tão ligadas a uma região como a pinot noir à Borgonha (um outro caso seria a Nebbiolo, no Piemonte, na Itália). Os grandes tintos (e brancos) da Borgonha são um capítulo à parte na enologia mundial. Os grandes borgonhas são os maiores vinhos do mundo e uma espécie de “cálice sagrado”, que todos procuram mas poucos acham. Por que?
– Primeiro, porque a pinot noir é uma casta difícil. Ao mesmo tempo que faz grandes vinhos, pode também gerar líquidos insípidos.
– Segundo, pois a Borgonha é um mosaico de uma infinidade de produtores muito pequenos. Às vezes, em uma mesma região da Borgonha, sob um mesmo nome, um produtor pode fazer um grande vinho e o outro uma zurrapa
– Terceiro, porque as produções são pequenas e a fama é grande, de modo que todo Borgonha, bom ou ruim, nunca é barato
– E, finalmente, porque os vinhos de produtores consagrados, em boas safras, custam sempre preços exorbitantes
Cor
O padrão dos vinhos de pinot noir é serem claros, ou de cor entre clara e escura, raramente muito escuros
Aroma
Frutas – pinot noir, geralmente, é associada mais às frutas vermelhas do que negras, como framboesa, cereja e morango
Flores – violeta, rosa
Vegetais/ervas – tabaco, musgo
Especiarias – baunilha (do carvalho)
Animais – É bem típico dos pinots noirs com mais idade ganharem aromas de couro, caça e defumados
Madeiras – carvalho
Tostados – café (do carvalho)
Mineral – É típico, nos pinots noirs com alguma idade, o aroma de terra molhada
Outros – O aroma de cogumelos secos, ou funghi secchi, também é bem típico dos pinots noirs com alguma idade
Sabor
Doçura – quase sempre os pinots noirs estarão na categoria “seco”
Acidez – geralmente de média a alta, dependendo muito do clima (quanto mais frio o local, mais acidez), da colheita (quanto mais cedo se colhe, mais acidez)
Corpo – geralmente, são de leves a médio corpo, raramente muito encorpados
Álcool – normalmente, são de alcoolicidade mediana, entre 13 e 14
Taninos – ao contrário da cabernet sauvignon, por exemplo, esta não é uma casta de muitos taninos
Pinot noir no mundo
Em termos de volume, o maior produtor de pinot noir do mundo é, de longe, a França. Outros países com áreas relevantes de pinot noir são Alemanha, Moldávia, Estados Unidos, Suíça, Itália, África do Sul, Romênia e Nova Zelândia.
Os países com produção de pinot noir de maior qualidade são: França (Borgonha, Loire, Champagne), Nova Zelândia (Martinborough, Walkerbay), Chile (leia abaixo), Estados Unidos (Oregon, Los Carneros, Russian River Valley), Austrália (Yarra Valley e Tasmânia), Suíça (Grisons, Graubünden), África do Sul (Elgin), Alemanha (Baden, Rheingau, Rheinhessen), Itália (Friuli e Alto Ádige) e não podemos esquecer o Brasil (leia abaixo).
O nirvana da pinot noir é a Borgonha, cuja tradição no cultivo desta uva é milenar e tomou grande impulso, ao longo dos séculos, graças aos monges, principalmente os beneditinos, cistercienses e franciscanos. É da Borgonha o vinho que, talvez, goze do maior prestígio do mundo: o Romanée-Conti.
Embora todo filho de Deus (e discípulo de Baco) mereça um dia provar um Grand Cru da Borgonha, pela proximidade, qualidade e preço, o pinot noir que mais vai nos interessar são os do Brasil e do Chile. O Brasil evoluiu muito, nos últimos anos, na produção de pinot noir. Até há pouco tempo, as melhores uvas de pinot noir iam para os espumantes. Nos últimos anos, felizmente, os produtores resolveram dar mais atenção aos tintos. Temos ótimos exemplares em várias regiões, como Serra Catarinense, Campos de Cima da Serra, Serra Gaúcha e Campanha Gaúcha.
Outra boa opção são os pinots noirs do Chile. As melhores regiões para a casta são as regiões mais frias, mais próximas ao Oceano Pacífico e mais ao norte, como Casablanca, San Antonio, Leyda, Limari, Elqui, e ao sul, Bío-Bío. No Brasil, embora as melhores uvas de pinot noir sejam usadas para espumantes, alguns bons tintos já começam a surgir.