sexta-feira, 19 abril 2024

Um roteiro pela Borgonha

 Uma vista a Cote d´Or, coração da Borgonha

Uma vista a Cote d´Or, coração da Borgonha, normalmente começa (ou termina) em Beaune. Maior cidade da Côte d´Or, com 22 mil habitantes, Beaune é conhecida como a capital dos vinhos da Borgonha e é o local predileto dos “enovisitantes”, que usam a cidade como base, por sua localização central na região. O maior cartão postal da Borgonha está aqui, o Hospice de Beaune (é imperdível), além de muitas atrações como o museu do vinho e outros museus, igrejas, parques, restaurantes, incontáveis lojas de vinho (cuidado, pois aqui quase sempre os preços são para turistas) e uma feira de rua com produtos típicos, aos sábados.

Alguns produtores tem suas caves em Beaune. Vale a visita às caves de Joseph Drouhin, que correm por baixo da cidade e guardam muitas histórias. Dentre os restaurantes, destaco o Loiseau des Vignes, com suas 60 opções de vinho em taça na enomatic (dispenser de vinho).

Vilas com nomes de vinhos

Há belas vilas para se conhecer a cada saída da estrada, cujos nomes nos remetem a vinhos famosos (ou seria ao contrário, os vinhos famosos trazem os nomes das suas vilas de origem). Visitar estes lugarejos de belas casas, rodeadas de vinhedos, são bucólicos passeios, com paradas em ótimos restaurantes típicos e cartas de vinhos recheadas de vinhos locais.

Algumas dobradinhas imperdíveis de vila-restaurante: Puligny-Montrachet (restaurante Le Montrachet), Gevrey-Chambertin (Chez Guy), Vosne-Romanée (La Toute Petite Auberge) e Volnay (Le Cellier Volnaysien, peça o coq au vin).

Castelos e passeios imperdíveis

Em uma visita à Côte d´Or é obrigatório ver, além do Hospices de Beaune, o Clos de Vougeot. Este não é o mais belo castelo da região, mas é o mais emblemático e o mais ligado ao vinho, sede da confraria báquica mais famosa do mundo, os chevalier du tastevin, cujo lema é “en vain, toujours en vin” (jamais em vão, sempre em vinho). A Borgonha é repleta de belíssimos castelos e algumas vilas medievais imperdíveis. Os listados são fortemente recomendados.

Abadias

A vida monástica tem papel fundamental na história da Borgonha e de seus vinhos. Uma visita às abadias de Fontenay (como arquitetura, a mais bela), Cluny e, principalmente, Cîteaux, proporciona uma experiência fundamental para entender a região. Cîteaux ainda tem vida monástica ativa, pode-se fazer uma visita guiada, respirar o silêncio e ver o trabalho artesanal dos monges. Eles fazem livros encadernados à mão e um excelente queijo, que pode ser comprado no local.

Gastronomia

“Viver como um borguinhão”. Visitando a região e provando suas especialidades, rapidamente compreendemos a origem desta máxima francesa. Não deixe de provar o pain d´epice, as típicas balas de dijon, com diversos sabores, desde lavanda até cassis, o creme de cassis, o coquetel Kir, mostardas, escargots, trufas negras, os diversos tipos de cogumelos da região, coq au vin, boeuf bourguignon e o destilado local, o marc de bourgogne. Um capítulo à parte na gastronomia local são os queijos, cuja lista é longa e salivante. Não deixe de provar: Brillat-Savarin, Époisses, Délice de Pommard, Régal de Bourgogne e o Vacherin Mont d´Or, que embora seja achado na Borgonha é da região vizinha, Jura. Nese caso, peço vênia, pois trata-se, ao meu palato, do melhor queijo do mundo (ao lado do português Serra da Estrela). É sazonal, apenas vendido entre setembro e abril.

Visitas à vinícolas e vinhedos

Visitar vinícolas na Borgonha não é o mesmo que o fazer no Napa Valley (EUA) ou Mendoza (Argentina). Aqui, no geral, os bons produtores não estão interessados em visitantes, já têm seus vinhos todos vendidos, não tem infraestrutura para tal e são empresas pequenas, de poucas e ocupadas pessoas. O melhor a fazer é entrar no site do produtor desejado e tentar, através de email ou telefone, agendar uma visita. Fique pronto para alguns “nãos”, e com sorte, alguns “sims”. Uma boa opção é contratar tours guiados. Na Borgonha, tão ou mais importante do que visitar vinícolas é visitar os vinhedos, patrimôino da humanidade pela Unesco. Um passeio a pé ou de bicicleta pelos caminhos que dividem os Grands Crus é imperdível. 

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