Algo bom e comum, hoje em dia, são homens e pais que possuem a exata noção deque tarefas domésticas como a de cozinhar são da família e não apenas das mulheres. Mas o melhor é encontrar exemplos de homens e pais que “abraçaram” verdadeiramente seus papéis e se dedicam à família.
É o caso do aposentado José Carlos da Silva, de 69 anos, viúvo, que se dedicou integralmente à esposa, quando ela adoeceu, e depois cuidou sozinho dos dois filhos. Ele conta que entrar na cozinha nunca foi obrigação, mas sempre um prazer.
“Acredito que cozinhar não é só para a mulher, mas para homem também, desde que se goste. Sou apaixonado de estar na cozinha, mexendo nas panelas, no fogão de lenha ou à gás. Gosto de cozinhar para a família, amigos, sinto até orgulho, poxa, fiz um arrozinho, um feijão, uma saladinha de alface com tomate, uma carne de panela com batatas. Para mim é uma grande vitória que a gente tem no dia a dia”, revela.
Silva, que mora em Guararema (SP), conta que se sente tão responsável pela tarefa de cozinhar que impede as visitas de lavar a louça. “Eu proíbo até que lavem louça para mim. Eu começo na cozinha e quero terminar, porque me sinto bem cozinhando”.
Quando questionado sobre suas especialidades, ele diz que é o que tem no momento e pode fazer. “Se eu tiver mandioca eu faço nhoque de mandioca, mas posso fazer de batata, com bastante molho de tomate, queijo, muito bem temperado”.
A filha, a gerente de operações de 32 anos Maria Cristina Torrez, enfatiza que a simplicidade em conduzir a vida e a cumplicidade dele com a família é o que mais admira no pai. “Tudo que sou devo a ele, que fez das tripas coração para dar educação e tudo de melhor para mim e meu irmão”, ressalta. Ela revela sua paixão pelo pudim preparado por Silva, “o melhor do mundo todinho”.
Cozinhar é paixão
Outro bom exemplo de pai dedicado à família e à cozinha é o do empresário libanês Ahmad Kamel Cheaito, de 66 anos, pai da gastróloga e chef Fadia Cheaito, colunista do Clube Gourmet, ambos proprietários do restaurante Sheike Culinária Árabe.
Ele chegou ao Brasil aos 17 anos, fugindo da guerra, vive em Americana, e conta que cozinhar está em seu sangue. “Eu amo a cozinha, é um prazer, um amor. Tudo que você faz com amor, e mais ainda a comida, é onde sai a qualidade, o sabor. É uma paixão que passou de gerações, pois sempre fiquei ao lado da minha mãe ajudando e cozinhando”.
O empresário diz que sempre foi responsável pelas refeições da família e que prepara todo tipo de comida. “Cozinhar acalma a alma, relaxa, é uma forma de amor. E mesa farta também é uma característica dos libaneses, a comida faz a gente resgatar memórias de lugares e pessoas”, ensina.
Sobre suas especialidades, ele deixa a modéstia de lado. “Até o ovo frito que faço em casa, a Fadia e minha esposa adoram. Eu faço tudo, não é só um prato, graças ao bom Deus! E a Fadia puxou o pai”, salienta.
Fadia conta que ela e a irmã tiveram uma criação baseada em caráter, responsabilidade e compromisso. “Graças a Deus, somos o que somos por conta dos meus pais. E meu pai é totalmente coração aberto, o que puder fazer para ajudar ele faz, trabalhou a vida inteira e não abre mão das funções dele no restaurante”, finaliza.