quarta-feira, 24 abril 2024

A arte da maternidade negra

A exposição Mãe Preta, da dupla de artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa, teve início nesta sexta-feira (19), no Instituto Pavão Cultural, em Barão Geraldo. A mostra, que segue até 18 de abril, é parte da programação do XII Festival Hercule Florence e faz uma reflexão sobre imagens da maternidade negra em arquivos históricos e a luta dessas mulheres contra o racismo e a violência.

Segundo as artistas, o ponto de partida da exposição são representações de relações maternas no vasto acervo de imagens da escravidão feitas por artistas viajantes e fotógrafos, além de jornais de época. Por meio de intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e vidros, são destacadas a duplicidade e complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas aos seus cuidados e com seus próprios filhos. Dois trabalhos em vídeo completam o projeto, realizados em parceria com mães negras do Rio de Janeiro e com lideranças femininas do Quilombo Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão.

MURAL

Nesta nova montagem em Campinas, onde a relação da cidade com a memória da escravidão sofreu diversos apagamentos históricos, segundo as artistas, o evento conta ainda com parceria do Grupo Cultural Fazenda Roseira, onde a instalação estará de forma permanente por meio de réplicas do Mural das Heroínas Negras, com retratos de 16 entre centenas heroínas negras na história brasileira e que simbolizam a presença fundamental da mulher negra na formação histórica do país.

“A cegueira da sociedade branca brasileira em relação à questão racial é por definição criminosa, pois advém de um legado escravagista que ela custa em admitir e reparar. Acreditamos que a arte tem uma importante contribuição na luta antifascista, pois tem o poder de criar novas imagens e novos vocabulários que operam no inconsciente dos espectadores”, afirma Patricia.

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