Dezenas de pessoas foram conferir, neste feriado do Dia da Consciência Negra, a décima Mostra Cultural Afro-brasileira de Americana, promovida pela Prefeitura de Americana, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo.
O evento ocorreu no Teatro Municipal Lulu Benencase e a produção foi desenvolvida com recursos da Lei Paulo Gustavo, pela Batakotô Produções e pela União de Negros pela Igualdade, com apoio do Conselho Municipal de Cultura.
A programação teve o documentário “Identidade e Memória: a Trajetória Histórica dos Negros e Negras em Americana”, roteirizado e dirigido por Isabella Monteiro, e a peça de teatro “Eu, Você, Nossas Cores e Nossa Voz”, com Adriana Brasil e Karoline Leão, da Companhia Aurora. Também houve as apresentações musicais de Lavi e Odara e do grupo Orquídea Negra e de capoeira, com o professor Maguila, do Projeto Força e Fé. O encerramento contou com a participação de todos os artistas no palco.
De acordo com Roberto Mendes, presidente do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), a décima Mostra Cultural Afro-brasileira de Americana é importante para a valorização da cultura. “Queremos mostrar para a população da cidade o quanto essa cultura é rica, pois muitas pessoas ainda não conhecem, elas convivem, mas não sabem como um evento desses é relevante para relembrar nossos antepassados”, disse Mendes.
Para ele, um acontecimento cultural como esse é essencial para conscientizar as pessoas no combate ao racismo. “O dia 20 de novembro não é apenas um feriado, é muito mais que isso, é uma data de reflexão. A gente usa o termo ‘Novembro Negro’ para chamar a atenção da sociedade sobre a desigualdade social que existe na nossa cidade. Nós temos, no Brasil, um racismo estrutural e Americana também faz parte disso”, destacou o presidente do Compir.
Para a atriz Karoline do Prado, da Companhia Aurora, a importância do Dia da Consciência Negra é lembrar da história do povo negro na cidade, que exerce influência muito grande, principalmente na cultura. “A gente vê que, além de a cultura em si ser desvalorizada, a negra é mais ainda, por isso, ela precisa de um pouco mais de luta para conseguir resistir.”, contou a atriz.
Segundo ela, a mensagem principal da peça “Eu, Você, Nossas Cores e Nossa Voz” é mostrar que ainda existem muitas demandas em relação ao combate ao racismo dentro das escolas, com as crianças: “nós queremos ser a referência desses pequenos, como as pessoas em quem eles possam se espelhar, assim como muitos foram para nós.”
De acordo com Adriana Brasil, também da Companhia Aurora, a peça é um letramento racial, para que as mães e professores deem mais importância aos relatos de racismo quando os recebem. “Quando a gente vai para uma escola e leva esse texto, nós queremos que não somente as crianças vejam essa mensagem, como também os pais e educadores em geral”, finalizou a atriz.