quinta-feira, 25 abril 2024

Ao mestre com carinho

Hossam Ramzy, percussionista egípcio conhecido mundialmente como uma das grandes referências da música árabe, faleceu no último dia 10 aos 65 anos.

Ele fazia tratamento de problemas cardíacos em sua mais recente passagem pelo Brasil, porém a situação já estava muito avançada e acabou não resistindo.

Entre suas realizações mais importantes estão um vasto legado de criatividade e conhecimento musical, além de suas filosofias de dança e ritmo egípcios que ele exportou para o mundo.

Conhecido como embaixador do ritmo do Egito, seu objetivo de injetar ritmos egípcios no mundo da música o levou a realizar diversas parcerias colaborativas com grandes nomes como Peter Gabriel, Robert Plant, Jimmy Page, Rolling Stones, Gipsy Kings, Luciano Pavarotti, Ricky Martin, Isaac Hayes, Sting, Jay-Z, Shakira, entre muitos outros, além de compor músicas para vários filmes.

Nas últimas três décadas, Hossam viajou pelo mundo, disseminando a arte da verdadeira dança egípcia. Suas filosofias de dança e ritmo ajudaram dezenas de milhares de dançarinas e percussionistas a aperfeiçoarem seus trabalhos.

Durante este período, ele encontrou tempo para lançar 31 álbuns de dança egípcia e world music, além de produzir incontáveis projetos musicais para artistas de todo o mundo.

Nascido no Cairo, capital do Egito, sua carreira musical começou cedo, quando, aos 3 anos de idade, recebeu seu primeiro tambor – uma tabla egípcia. Sua paixão pela percussão foi notada por sua família, que já tinham conexão com as artes, e que o incentivaram na jornada.

Dentre as dezenas de grandes realizações de sua carreira ao redor do mundo, entre prêmios, apresentações históricas, composições e parcerias, a mais recente foi ainda este ano com uma performance memorável ao lado de Loreena McKennitt, no icônico Royal Albert Hall, em Londres.

SERENA

Hossam e Serena formavam uma dupla não só nos tablados. Ele, um dos maiores músicos da cultura árabe do mundo, e ela, brasileira, de São Paulo, e também uma das maiores bailarinas de dança do ventre do mundo, foram casados durante 20 anos.

IMERSÃO | Hossam e Serena uniam dança e música

Eles viviam juntos em East Grinstead, próximo de Londres, na Inglaterra. Desta união nasceu Amir, único filho do casal, que hoje tem 17 anos.

Segundo Serena, ele tinha a vontade de fazer com que as pessoas enxergassem a dança do ventre através da perfeição de tradução musical em movimentos.

“Eu era a inspiração para ele fazer as composições, para fazer com que essa forma de pensar fosse traduzida por mim,” diz Serena.

“Era uma troca de inspirações. Ele se inspirava em mim e eu me inspirava nele”. Agora, Serena estará na linha de frente para dar continuidade ao legado de Hossam para o mundo todo.

HOSSAM DEIXOU SUA MARCA E SEMENTES EM AMERICANA E REGIÃO

Segundo Daniela Cardoso, a “Dani Agnis”, as atividades com Hossam em Americana se iniciaram há 8 anos. “Começamos em 2011, quando fizemos o primeiro evento com os workshops no Clube do Bosque e um show no Teatro Paulo Autran em Americana”, relembra.

O contato entre eles começou em 2005, quando ela foi assistir um show de Hossam em parceria com João Bosco no Sesc, em São Paulo. Foi a primeira vez que ele havia trazido sua orquestra para o Brasil.

Para Dani, um dos grandes momentos da passagem do músico egípcio na região, foi na primeira imersão realizada dentro do universo “Bellydance” unificando o ensino da musicalidade para as bailarinas junto com as formações da dança com a Serena Ramzy, em 2012, em Nova Odessa. Desde a primeira atividade, várias bailarinas das mais diversas regiões e estados do Brasil se deslocaram para participar. Nos 3 anos seguintes também foram realizadas novas imersões e ampliando o trabalho para além da região.

“Ele era um grande músico do universo do ritmo, não só do universo “bellydance”, que é, inclusive, muito pequeno perante a tudo aquilo que ele fez com tantos álbuns e parcerias com grandes nomes”, lembra Dani.

“Ele deixa toda a instrução, o seu método, essa filosofia da bailarina ter de traduzir a música em tamanho e direção. A preocupação dele com a música era de elevar a qualidade cultural do que é essa dança em seu país”, relata.

O legado de Hossam Ramzy em conexão com Americana é direto. O Studio Agni é a única escola no Brasil certificada para disseminar o método Ramzy. “Ele deixa essa forma de fazer com que as pessoas entendam a música em conexão plena com a dança”, completa.

Além de formar diversas bailarinas de Americana e região nas atividades desenvolvidas durante suas passagens, Hossam também trocou experiências com outro músico local. Heber Pequeno foi aluno de Hossam Ramzy na busca de conhecimento da música árabe. Em contrapartida, Hossam foi aluno de Heber em música brasileira.

Ele e diversas pessoas manifestaram seu pesar e prestaram homenagens a Hossam nas redes sociais.

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