sábado, 23 novembro 2024

Chegou a vez dela

Aos 45 anos, a atriz e apresentadora Adriane Galisteu pouco lembra a modelo que apareceu na mídia no início dos anos 1990, como a então desconhecida namorada do piloto Ayrton Senna (1960-1994), um herói nacional. Após se casar com o empresário Roberto Justus, em 1998, e hoje mulher do bem-sucedido Alexandre Iódice, ela coleciona atuações no teatro (foi inclusive dirigida por Jô Soares) e afirma realizar um sonho ao estrear na dramaturgia da Globo.
Na última semana, sua personagem na novela das sete “O Tempo Não Para” (Globo), a estilista endividada Zelda, ganhou seu primeiro bordão: “Cadê a poc?”. A expressão, uma gíria gay, ficou ainda mais engraçada quando a estilista tentou explicar o significado do termo à mocinha Marocas (Juliana Paiva), que na trama ficou congelada por 132 anos.
Na cena, Zelda procurava Igor (Leo Bahia), funcionário da sua loja de roupas que é homossexual. Empresária decadente, a personagem tenta de tudo para reerguer sua marca.
Galisteu comemora o papel, que para ela é um grande desafio. “Fui convidada para fazer um teste e não era certeza de que teria a chance. Então, fiquei em cima do telefone. Demorou uma semana para ele tocar, mas tocou. É muito diferente de tudo o que já fiz na carreira. Estou preparada para agarrar a oportunidade.”
Segundo a atriz, trabalhar na emissora sempre foi um sonho. Ela atribui ao seu programa na Rádio Globo, o “Papo de Almoço”, transmitido todas as quartas-feiras, o surgimento da oportunidade.
“Já fiz cinema e uma novela fora da Globo. Fiz 12 espetáculos teatrais. Mas agora tudo muda. Uma novela das 19h! O programa da rádio me abriu as portas para ir para o “Dança dos Famosos”, [quadro] do Faustão, que depois me abriu as portas da trama. Fico muito contente”, reforça.
Ela destaca, ainda, a função social de sua personagem na história de Mario Teixeira. “Ela é truqueira, tem caráter meio duvidoso, mas ao mesmo tempo é uma mulher que carrega a responsabilidade de falar e mostrar um drama que ocorre com muita gente, pessoas que perderam tudo o que tinham.”
TRUNFO
Personalidade querida por todo o país, Adriane Galisteu é um dos trunfos da trama das sete -que rende a melhor audiência do horário nos últimos seis anos, cerca de 28 pontos no Ibope da Grande SP.
“Adriane é versátil e tem público que a segue. Isso é bom à novela. Se vai ser grande atriz, não importa tanto neste momento”, diz Claudino Mayer, doutor em comunicação pela Universidade de São Paulo.
Já Elmo Francfort, diretor do Instituto Memória da Mídia, gostou do que viu. “Ela fez poucos papéis na TV, mas tem a mesma desenvoltura de quando trabalha como apresentadora”, conclui.
NÃO DESISTO NUNCA
Para Adriane Galisteu, nunca desistir de seus objetivos é a chave do sucesso. E diz não ter dado as costas à função de apresentadora, que a alçou à fama: passou por MTV, Rede TV!, SBT, Band e Fox. “O meu lado apresentadora não acabou, não, pelo contrário. Estou ao vivo todas as quartas-feiras, na Rádio Globo. Se tiver de apresentar evento, apresento. Continuo sabendo fazer.”
A atriz se considera, ainda, o símbolo de uma nova geração de mulheres. “Eu represento a brasileira com 45 anos que vive uma história e vai viver outra depois. Temos o direito de experimentar coisas novas. Nós estamos entendendo que o mundo é nosso”, afirma.
E se diz grata pelo carinho do público. “Agradeço a todos que torceram por mim. Sempre acreditei em mim, desde os nove anos, quando falei para a minha mãe que queria aparecer na televisão. A vida toda busquei fazer o meu melhor”, conclui Adriane.
A atriz aproveita para encarnar outra personalidade na pele de Zelda, de “O Tempo Não Para”. “De mim, ela só pega o branco do olho, tanto no caráter quanto no jeito. Não sei se tem uma vilania nela, mas será capaz de qualquer coisa para não quebrar.”
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