
Em Cosmópolis, a música é mais do que trilha sonora: é caminho de vida. Na Escola Municipal de Música ViLla Musical, mantida pelo município, a arte conecta diferentes gerações e ajuda a escrever histórias que começam cedo e seguem firmes, muito além do Dia do Músico, comemorado em 22 de novembro.
Uma vida inteira dedicada ao som
O professor Mário Testoni Martinho Júnior, de 71 anos, começou a tocar ainda criança. Aos quatro anos já se arriscava em instrumentos, e aos cinco iniciou aulas com um professor italiano. Na adolescência, formou-se em acordeon e piano e, por volta dos 13 anos, já vivia a realidade dos palcos e dos estúdios de gravação.
Ao longo da carreira, Mário estudou composição, jazz, música para cinema e regência, o que o levou a conhecer e dominar diferentes famílias de instrumentos. Como tecladista e band leader, integrou o histórico grupo de rock Casa das Máquinas e participou de gravações com artistas como Rita Lee, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Ivan Lins, entre outros nomes da música brasileira. Até hoje, recebe direitos autorais de discos lançados décadas atrás.
Na Villa Musical, ele encontrou um espaço para devolver à comunidade o que aprendeu. Professor na escola, Mário afirma que se sente responsável por repassar sua bagagem musical e profissional às novas gerações.
Estudar, estudar, estudar
Apesar de reconhecer os novos métodos de ensino, Mário defende com firmeza a importância da leitura musical e da disciplina. Ele conta que, mesmo com uma trajetória longa, não abriu mão da rotina de estudo.
“Não existe mágica: tem que estudar. Eu estudo piano todos os dias. Se eu faço isso com 71 anos, a nova geração também pode”, costuma dizer aos alunos, incentivando uma prática diária de pelo menos 40 minutos de instrumento. Para motivar a turma, ele recorre a combinações bem-humoradas, como recompensas e desafios, mas sem abrir mão da seriedade com a música.
A flauta que ajudou a vencer a timidez
Na ponta mais jovem dessa história está Sarah Gomes Viana, de 15 anos, aluna da Villa Musical e flautista há cerca de seis anos. Ela nunca teve aula particular: toda sua formação veio da escola municipal. A paixão pela música começou em casa, com a influência do pai, que sempre tocava MPB e músicas brasileiras na televisão.
Hoje, a flauta transversal é seu instrumento principal, embora ela também se arrisque no violão e na bateria. Mais do que técnicas e repertório, Sarah destaca o impacto da música na própria personalidade. Antes tímida, ela conta que tocar em público a ajudou a se soltar e a se expressar melhor.
Quando sobe ao palco ou se apresenta em sala de aula, diz sentir paz, alegria e uma emoção difícil de traduzir em palavras. E faz questão de incentivar quem pensa em seguir o mesmo caminho: para ela, basta dar o primeiro passo.
Dia do Músico todos os dias
Em comum, professor e aluna defendem a música como força transformadora. Para Mário, o Dia do Músico não se limita ao calendário: estudar, tocar e ensinar fazem parte da rotina diária. Já para Sarah, aprender um instrumento é uma forma de liberdade e expressão, especialmente para quem tem dificuldade de falar em público.
Na Villa Musical, o encontro dessas duas trajetórias — uma marcada por décadas de experiência e outra ainda em construção — reforça a mensagem de que a música segue viva em Cosmópolis. E que, entre partituras e ensaios, o palco está aberto para quem quiser aprender, ensinar e se emocionar.





