quarta-feira, 24 abril 2024

Dois Papas: a história por trás da história

É difícil ler “Dois Papas”, livro em que o roteirista Anthony McCarten compila a pesquisa que realizou para o filme homônimo da Netflix, sem se perguntar como seria o longa como um thriller.  

Afinal, não faltam contradições nas biografias dos protagonistas da ficção, os pontífices Bento 16 e Francisco.  

O primeiro é acusado de ter negligenciado as denúncias contra um padre que molestou crianças por quase 30 anos na Alemanha –na época em que os primeiros casos foram encaminhados à Igreja, Joseph Ratzinger era arcebispo de Munique.  

Já o segundo tem suas possíveis conexões com a ditadura militar argentina analisadas a fundo no livro.  

McCarten diz que a decisão de lidar com alguns eventos mais superficialmente nas telas tem a ver com os limites do audiovisual. “Claro que um livro de não ficção permite construir um retrato mais fiel”, diz.  

Não que o autor seja assim tão obediente aos ditames da linguagem cinematográfica. Vide sua decisão de estruturar “Dois Papas” em torno de um diálogo, contradizendo a regra número um dos manuais de roteiro –transformar as palavras em imagens.  

O roteirista conta que a inspiração do filme surgiu quando ele assistia à missa inaugural de Francisco, em Roma, em 2013. Na ocasião, se perguntou qual fora a última vez em que um papa havia renunciado. A resposta do Google o surpreendeu: há mais de 700 anos.  

A princípio, a ideia era criar uma peça sobre os eventos que levaram à abdicação de Bento 16. Mas o texto do espetáculo –que estreou meses antes do filme, sob o título “O Papa”– chegou às mãos do diretor Fernando Meirelles, então à procura de um fio narrativo para o longa que desenvolvia sobre o papa Francisco.  

Ambas as obras se baseiam na pesquisa histórica robusta agora apresentada no livro. Esta incluiu não só a leitura de biografias sobre Ratzinger, Bergoglio e o antecessor deles, João Paulo 2º, como de documentos eclesiásticos e notícias. 

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