O escritor Rubem Fonseca, autor de clássicos como “O Cobrador” e “A Grande Arte”, morreu na tarde desta quarta-feira (15), no Rio de Janeiro, aos 94 anos. A informação foi confirmada por seu genro, o colecionador Pedro Corrêa do Lago.
Segundo familiares, ele sofreu um infarto e foi levado ao Hospital Samaritano, em Botafogo, na Zona Sul, mas não resistiu.
Dentre os principais livros de Rubem Fonseca, estão os volumes de contos “Lucia McCartney” (1967), “Feliz ano novo” (1975), além dos romances “O caso Morel” (1973), “A grande arte” (1983) e “Agosto” (1990).
Conhecido por sua reclusão -e consequente recusa a dar entrevistas-, a Rubem Fonseca normalmente é a atribuída a fundação de uma nova era na ficção nacional, que se tornou mais urbana depois dele. Com os livros do autor, também chega ao país uma influência mais direta da literatura dos Estados Unidos.Com livros marcados pela linguagem afiada e pela violência, Zé Rubem, como era chamado pelos amigos, publicou principalmente histórias policiais, mas era um dos autores que levava gênero -muitas vezes associado ao mero entretenimento- à alta qualidade literária.
Quando estreou na literatura, nos anos 1960, com a coletânea de contos “Os Prisioneiros”, sua literatura chegou a ser descrita como brutalista.
José Rubem Fonseca nasceu em Juiz de Fora (MG), em 1925, viveu a maior parte da vida no Rio de Janeiro -e, mesmo recluso, se tornou, um dos personagens da cidade. Morador do Leblon, não era incomum vê-lo levemente disfarçado em caminhadas matinais, com boné e óculos escuros.
Sua reclusão gerou anedotas. Por exemplo, há a história clássica de um repórter de TV que, cobrindo a queda do Muro de Berlim, em 1989, resolve entrevistar um brasileiro que por ali passava. Aos ser questionado sobre seu nome, o tal brasileiro responde: “José Rubem”. O jornalista conversa com o escritor sem se dar conta de sua real identidade.